Frios lençóis
E é mais uma noite fria em que meus lençóis me abraçam. Me deito, estremeço e me afogo. Eu não desejei que fosse assim e só sei que agora os espinhos envolvem cruelmente minha alma. Assim eu me deito, sem esperanças de um sorriso amanhã. E isso é porque eu te odeio. Odeio estar apaixonado por você.
Odeio tudo o que você é em mim. Não entendo porque seu sorriso me envolve ou suas palavras me confortam. Odeio o fato de nunca conseguir te ignorar. Odeio mais ainda a vontade que tenho de querer você sempre por perto. Eu tinha tantas pessoas, e escolhi logo a pessoa errada para amar. E é assim que eu termino meu dia. Em meus lençóis molhados, desejando nunca te ter, sempre te querendo. Querendo não ter te conhecido, sem ao menos conseguir te abandonar da minha mente. Desejando seus lábios sem ao menos poder tê-los...
E essa força que me destrói não passa de um sentimento que não merece a atenção de ninguém. São gritos ensurdecedores, mas você é o motivo dessa fúria dentro de mim. Me dê razão de gritar, mas não me dê escolhas, pois a última coisa que quero fazer, é partir seu coração assim como o meu se encontra agora. A última coisa que espero, é você consolar minhas lágrimas, quando sei que toda noite você vai consolar as lágrimas dele.
É por isso que eu grito tanto. E toda noite só os frios lençóis conseguem me entender. E ninguém saberá o que eu sinto. Ninguém poderá compreender de onde vem tudo isso. É você e ele. Não posso ser feliz com isso, mas deixarei a pessoa que eu me apaixonei ser feliz. Pois de coração em chamas, já basta o meu. Só me pergunto nessa história toda, porque me importo tanto. Não vejo mais a serenidade que antes me habitava, isso não está certo. Não vejo claro. Não me encontro inteiro escutando todos os dias as faíscas de minha alma sendo destruída. Não sei se tinha que ser assim...
Só quero entender aonde foi que eu errei...