O DIÁLOGO DO POETA COM A AURORA
Poeta- Pensa-me como aquilo que não consegues ver.
Aurora- O que vê em sua alma?
Poeta- Apenas posso ver-te quando fecho os olhos.
Aurora- Criaste o que sentes para não ver.
Poeta- É que não realizamos o instante em que despertaríamos o que ainda não vimos em si.
Aurora- O que vê são sonhos, cria seus sonhos como um intenso caçador de paisagens, um florista que faz de sua imaginação um alimento.
Poeta- Aquilo que lhe falta é a contra parte do que possuo em alma.
Aurora- Aquilo que vê é contemplação do sol, são anseios, não entende o que digo, em suas mãos estão os inventos maiores que os sonhos que não pode tocar.
Poeta- O dia e a noite são como a razão e a imaginação, a águia não podia ver o lobo, se não fosse pelo crepúsculo intermediário das sensações.
Aurora- Não esperava que a poesia, falaria o que sempre a razão não dizia mais queria ouvir.
Poeta- É tão belo poder olhar-te de frente, mesmo se for apenas nos raros momentos, veria em si que as flores são cores porque trouxeste o sol para iluminar.
Poeta- Eis aurora do pensamento, dos cabelos dourados do firmamento, o que diz toca-me a alma, como o róseo da nudez que invoco ao ver-te como a primeira vez que lhe encontrei.
Aurora- O sol se vai como um beijo, que retorne por onde veio para aquilo que não vejo.
Poeta- Não vá ainda, minha alma viu em ti beleza.
( Poeta das Almas )
Fernando Henrique Santos Sanches