Vida emprerrada desemperrando
Ave que desespero
que barulho de teclados
mecânica vida parada
silêncio intelectual
os telefones tocam
niguém toca a vida
todos os sonhos se ferem
nada interfere
nenhuma arte
nenhuma poesia
e o barulho continua
o teclado quebra
o sistema emperra
os números não batem
o mesmo desespero
caras assustadas
para os terceirizados
um risco
Só sei que a poesia me toca
arredonda os números que se perdem
a vida que se ganha
a arte que se sobrepõe à vida mesmo não tão ganha
enquanto todos temem o tal sistema ingrato
enquanto todos rastejam suas vidas aos pés de uma máquina imperfeita
eu sigo os tons perfeitos
que envolvem o mundo
daqueles que enxergam
em cada canto
a arte
a poesia
e digo adeus aos barulhos intelectualmente silenciosos
busco as reticências...