Esvaziar de mim
Tudo perdeu a graça. O brilho que antes habitava meus olhos deixaram de existir. Meus lábios carnudos a sorrir, hoje se encontram apenas fechados, de tão fechados as palavras se aprisionaram em minha boca. Perdi a graça de mim mesmo. Perdi minha aura.
Não me recordo em qual lar, em qual esquina, ou em qual rua eu a perdi. Não me recordo nem mesmo quem foi a última pessoa que teve esse doce pedaço de mim. Será que ela soube valorizar meu sorriso? Talvez sim, talvez não. Não me importa. Perdi forças de refletir sobre o passado sombrio. Digo sombrio porque as coisas boas que me iluminavam foram apagando. Apagadas junto ao meu último sorriso. Não sei se isso será eterno.
Eternidade seria bom se pudesse viver ao lado de minha cama. Ela compreende meus choros e lágrimas melhor que ninguém. Desilusão, descredito, desconfiança. Enterro meu melhor pedaço, o mesmo que fizeram tantos rir em algum lugar, bem baixinho no travesseiro. O interessante é que ninguém sentiu falta. E se sentirem só poderão dizer ' coitado dele '. Esse é o tipo de problema que ninguém pode resolver. Talvez nem mesmo eu... não posso culpá-los por isso, mas lamento por ser assim.
Espero que esse colapso um dia passe, e quando passar, tomara que eu ainda esteja vivo. Vivo de mim mesmo. De minhas alegrias, de meu sorriso. Cheio do meu ser, mas enquanto isso não acontece, me repousarei em minhas lágrimas, as mesmas que estão na minha cama... Chorarei baixinho e enterrarei mais um dia de vida que eu tive. Posso até não sorri para os outros, mas não serei responsável por fazê-los chorar por minha causa. Não enquanto eu tiver forças. E se elas se esvaziarem, o final será certo:
''Adeus mundo, e viva a minha única e egoísta 'paz'.''