INTERROGAÇÃO
INTERROGAÇÃO
Encontro-me neste momento fechado como uma ostra, que se protege dos outros seres que procuram lhe devorar. É um enclausuramento odioso por me sentir usado por quem nunca usei. É a ânsia de gritar aos quatro ventos que me sinto um bicho in-fantil em busca do leite materno, sem encontrá-lo. Estou no escuro e soco as paredes negras. O sangue corre entre meus dedos e procuro alcançar a liberda-de. São horas de agonia em que vou perdendo as for-ças em busca de uma lasca de lua. Mas só vejo tre-vas. São horas de pesadelo que só vejo abismos. Foram horas de dedicação onde só vi tristezas. Quero fugir e não posso. Quero ficar, mas me faltam forças para continuar e não sei lutar. Minhas armas não são as melhores, mas são as que meu arsenal contem e com elas procuro conquistar meu mundo. São armas frias, sujas, porque a sujeira toma conta delas. São armas obsoletas, porque obsoletas são as pessoas que me cercam. Lutei, lutei, lutei e não consegui con-quistar meu ponto estratégico.
Então, como bom perdedor, entrego minhas armas que são explosivas. Que mata e também me fere. Ando cansado da luta e sinto pena do inimigo que continuará lutando em vão. Que continuará morrendo, não sabendo por que morre. Que não sabe quando deve parar de lutar e cultivar o lugar conquis-tado.
7.3.75