A saudade
A saudade.
Sentimento que abre um buraco no peito, como um diamante a perfurar, límpido, duro, a manchar sua beleza com a cor vermelha da dor. Belo e dolorido.
Ideal. Torna-se tão físico e tão real. Sensação da dor da falta, o sentimento de vazio, da ausência. A desolação. Uma casa vazia, escura e de paredes frias, sem grito de criança. Sem sol o dia todo, sem almoço no domingo. Sem carinho à noite, sem beijo de manhã... A Saudade.
A perturbar a carne por querer novamente algo que já passou. Não entendemos mudanças bruscas, e todas as mudanças são bruscas. Não entendemos, e deixamos de perceber, muitas vezes que um fato brusco é um fruto de outras tantas sucessões de circunstancias, e que nada que deixou sua origem torna a gênesis. Nada que foi torna a ser o que outrora deixou de ser.
A vida. Um suspiro de fogo. Uma chama de dragão prestes a destruir dezenas de outras vidas para continuar a sua. A vida, como um todo, a destruir-se como uma Fênix, para gerar das cinzas renovada vida. A vida. Que arde em nossas veias, e pulsa vermelha e intensa uma inquietação fervente e crescente, que nos põe em movimento... Em círculos...