SEM REFERÊNCIA

Quem sou eu?

Sonho despedaçado

Estilhaços de um coração saqueado

Deserto que clama pela água

Uma noite escura que nunca termina

Agonia sem fim

Lamento que ninguém pode escutar

Grito sufocado no peito

Um espelho sem reflexo

Estrela sem brilho perdida na imensidão

Sou apetite sem paladar

Música sem ritmo

Dança sem compasso

Instrumento desafinado que perdeu seu tocador

Sou músico sem partitura

Letra sem melodia

Poema sem rima

Enredo de uma história sem fim

Sou a dor silenciosa de quem sofre de um mal que aflige todos amantes

Amante não é quem se encontra de vez em quando com o amor de outrem

Amante é aquele que não consegue viver sem aquele ou aquela que ama

Sou amante amador, dependente dopado de amor

Sou a fome insaciável

A sede sem a fonte, querendo se refrescar

Mas a minha fonte secou

A minha flor murchou

E a semente que com tanto carinho semeei uma tempestade inesperada levou

Depois da tempestade, o calor sufocante fez secar o que restou da plantação

Não há mais peixes no rio

A figueira não floresceu

A minha videira secou e não deu frutos

O pasto secou e meu gado morreu

A lavoura virou colonhão

E meu barraco se destelhou

Não há mas trilha e o mato cobriu o caminho

Mas não vou desistir, arrancarei na unha os galhos secos e levarei no peito o arame farpado, mas vou sair dessa

Abrirei com as próprias mãos a minha trilha e chegarei sim em algum lugar onde as flores não tenham espinhos e onde o perfume exalado tem um cheiro divinal

E se eu não conseguir fazer rolar a pedra

Acreditarei naquele que grita "Lázaro, sai para fora"!

Os túmulos que cavaram para mim não podem me prender porque quem eu acredito é Senhor da morte e da vida

E as "chaves" que me trancafiaram no submundo da solidão, Ele as arrancou ao terceiro dia, as tirou das mãos do guardião do cativeiro e depois, triunfou resplandecente.

Ainda resta uma esperança porque vou continuar acreditando!

Habacuque 3. 17:19

Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado;Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda).