Só
Amanhã tenho de trabalhar. São uma e vinte da madrugada e continuo desperto, mesmo estando sozinho.
Ás vezes parece que minha presença me basta para passar horas e horas só, adentrando minha mente, remoendo a infância, a família, velhas folhas amareladas e os infernos particulares.
Outras vezes a solidão escancara a porta da minha vida dizendo que ela encheu-se da minha companhia e que eu sou um sujeito apático e desinteressante. Então eu, também violento, digo que ela é uma grandessíssima filha da puta invejosa e perebenta.
E então saio para dar uma volta ao redor dos meus amigos.
Têm vezes que ela vence e eu quase visto o nó certo para a corda incerta.