Despertar

Despertar

“Depois daquele dia, decidiu que nada mais escreveria para ela, pois se o amor pode lhe ferir ao invés de fazer-lhe sorrir, não poderia demonstrar tais sentimentos por alguém tão frio.

Jurou por Deus, que jamais as flores pagariam por tal pecado, hora morno, hora um amor sem laços, desatou a fita que lhe vendava, podendo assim, sentir a verdade. E por vezes a verdade faz arder até mesmo o mais puro sentimento.

Com um pouco do que sobrou em seu copo, gole a gole, experimentava os arranhões, ali tão presentes, que insistiam em sair de sua alma, tornando as lágrimas um dia azedas em presente tão doce.

Coube distribuir apenas o que restou para o mundo novo, sorriu e sorriu, meio amarelo, de canto e sem graça, como quem diz que depois de palhaço, resta apenas distribuir risadas. Tamanha foi sua sorte, que não poderia imaginar, em sua pequena platéia, mesmo com um espetáculo tão sem graça, alguém admirou seu sofrer.”