Natureza...

Ao ver um gato branco andando sobre o telhado da casa vizinha, durante a noite, senti uma recordação amável, a escuridão fez-me sentir a vida como se ela renascesse sem ter morrido.

Ao olhar um pássaro escuro voando de um lado para outro no quintal, durante a noite, senti como se raios quebrassem partes negativas do meu passado, raios de vida, raios de amor.

Ao pensar no que sentia fiquei curioso, tal qual um garoto que aprecia a beleza das árvores numa noite, que quer sentir a vida e ousar vivenciar o natural nesse mundo artificial.

Ao me dar conta que esses curtos instantes, que olhava para o quintal e para o ceu eu também olhava para minha alma, percebi que de algum modo o quintal guardava minha essência vital.

Ao lembrar que nas minhas veias corre um sangue, que também tem oxigênio, lembrei que as plantas e árvores do meu quintal poderiam ter recebido o que restou desse amor.

Ao olhar fixamente para o verde das árvores, lembrei que uma parte do oxigênio que alimentou meu sangue para que pudesse sonhar com minha amada veio daquelas plantas.

Aí percebi que compartilhava meu amor por uma garota com essas plantas, já que o ar que meus pulmões expiraram, enquanto meu sangue bombeava amor, foi aproveitado por essas.

Aí compreendi que mesmo o ar do meu amor não correspondido serviu para algo, serviu para alimentar a natureza, serviu para que outros seres, e talvez até eu, pudessem amadurecer.

Ao lembrar-me que em breve não moraria mais nessa casa, que deixaria esse quintal, senti que deixaria parte dos sentimentos mais puros, que tive por essa garota, guardados na casa.

Ao fechar os olhos e amar essa garota, só por mais um instante, dei-me conta que mesmo indo embora deixaria a força dos meus suspiros misturados na essência dessas plantas.

Ao partir, compreendi que aquilo de melhor que minha natureza humana produziu (o amor) seria absorvida pelas plantas e depois seria compartilhado, pelo ar, com a humanidade...

À garota que amei, amo e amarei apenas posso deixar de presente o amor que plantei com sangue e suspiros no meu ser e que de tão belo decidi não aprisioná-lo e o libertei...

À garota que amei, amo e amarei apenas posso desejar que em meios a tantos ares apaixonados, que circulam pelo mundo, encontre aquilo que tanto quis mostrá-la...

À garota que amei, amo e amarei apenas posso pedir que se esse ar apaixonado invadir seus pulmões não o abandone! Que viva a natureza! Que viva o amor, mesmo que seja com outro...

Du amor
Enviado por Du amor em 01/04/2011
Reeditado em 01/04/2011
Código do texto: T2884281
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