Era uma vez...
Era uma vez…
Era uma vez um bebê, esse bebê chorava...
Era um bebezinho, não era o mais bonito, nem vinha da família mais rica, mas era amado por sua mãe. Ele cresceu e se tornou um menino, que via o mundo com os olhos que toda criança deve ver o mundo: com luz.
Era uma vez um menino, esse menino sorria...
Ele crescia e aprendia cada vez mais sobre o mundo, sobre como ser um cavaleiro, sobre como devia seguir o caminho do bem. Aprendeu também como o mundo pode ser diferente de toda aquela bondade sem limites que ele enxergava quando menor. Mas não importava, o mundo ainda era um lugar lindo para se viver.
Era uma vez um menino, esse menino se tornou um rapaz...
Ao continuar a crescer, ele viveu experiências que o fizeram repensar sobre o mundo, que o fizeram reavaliar toda grandeza e bondade da humanidade. Ele percebeu que nem todas as pessoas são boas, e que o sol não era uma luz linda e quente, era uma estrela em combustão contínua. Ele percebeu que no escuro havia menos coisas a se temer do que no claro, e que onde havia um pouco de luz, havia muita sombra.Mesmo assim, ele não se deixou abater, ele continuo com seu caminho de virtude, pois “um cavaleiro nunca desiste de fazer o certo.”
Era uma vez um rapaz, esse rapaz cresceu...
E nos anos dourados de sua adolescência ele perdeu a mãe. E naqueles que deveriam ser os anos em que ele teria as melhores lembranças de suas vida ele perdeu a mãe. Ele se perguntava como Deus tinha deixado aquilo acontecer.Por que uma mulher que se sacrificava tanto para cuidar dele tinha que morrer assim derepente, sem chance de lutar, sem mais tempo para viver.Ele se perguntava a cada instante se aquela era a recompensa que aqueles que praticavam o bem recebiam. Ele começava a se questionar se fazer o certo era o certo a se fazer. Ele começava assim a se corromper...
Era uma vez um garoto, esse garoto se tornou um homem...
E nos anos que se seguiram, cada vez que ele persistia em seguir o caminho que havia escolhido desde sua mais tenra lembrança, desde sua infância, ele sofria por amores, se enchia de rancores, perdia as coisas que mais julgava valiosas para pessoas totalmente inescrupulosas, ele era recompensado pela sua virtude com castigos sem moral, sem compaixão, assim como acontecera a sua querida mãe. Era hora de mudar, era hora de ganhar, era hora de experimentar o que era ser vitorioso...
Era uma vez um homem, esse homem começou a praticar o mal...
E ele mentia, e ele transformava sua vida num ninho de cobra, onde ele seria a serpente, e os outros seriam seus ratinhos. Seu coração gritava para que ele parasse, para que ele voltasse a ser a pessoa boa de antes, mas esses gritos nada eram comparados à agonia de ser tratado como lixo por todos aqueles que ele tentou ajudar, a todas as pessoas que ele tratou bem, mas que o trataram com desdém. Fosse um casal feliz, ele arrumava um jeito de separar. Fosse um pobre infeliz, ele fazia o enfermo se desesperar, e dizia ao mesmo que daqui pra frente a previsão era tudo piorar.
Era uma vez um homem mal, ele se transformou em um demônio...
E sua sede de ganância era tanta que ele chamou a atenção do diabo, e ao diabo gostou dele, e o diabo acolhe ele como seu, e o diabo o transformou em seu semelhante, em seu soldado, em seu general, em seu príncipe. E ele queria mais, ele queria subir e fazer pagar aqueles que o fizeram mudar, que o fizeram sofrer. E ele subiu, mas seu ódio fluía de tal modo que ele não distinguia nenhum homem, nenhum humano, daqueles que ele odiava. Porque ele não adiava alguns. Porque ele odiava todos. Fossem quem fossem, todos eram iguais, todos mereciam sofrer, porque todos já sofriam, mas eram hipócritas o suficiente para dizer que não. E eles acabavam com o planeta que lhes foi dado, e eles matavam uns aos outros por dinheiro, por inveja, por nada. E eles mereciam sofrer.E eles mereciam gritar em agonia eterna. E ele merecia sua vingança.
Era uma vez um Demônio, ele se tornou o anti-cristo...
E depois de tanto tempo, de tanto ódio, ele conseguiu poder para criar o apocalipse. E ele destruiu a humanidade, e ele salvou o mundo. E ele viu o planeta se reerguer, e ele viu os animais extintos de novo andarem sobre a terra, e ele viu o verde da floresta cobrir o cinza das cidades, e ele se tornou enfim satisfeito, só faltava uma coisa...
Era uma vez o anti-cristo, ele se encontrou com o criador...
E ele foi chamado pelo criador, para a presença daquele que tudo fez, faz e fará. E ele queria isso mais que tudo, ele precisava de respostas.E ele ficou diante D’ele, e ele ajoelhou-se aos prantos, e ele largou todo o ódio, e segurou sua tristeza que era maior que o mundo, e ele se dirigiu ao Pai:
-Por que Senhor?! Eu sempre tentei ser o melhor de mim, fazer tudo que deveria ser feito, eu implorei cada dia e cada noite por misericórdia, por compaixão, por um momento de alívio em meu sofrimento, mas a cada pedido um “não”, a cada golfada de ar, apenas sangue em minha boca, apenas sofrimento em meu coração. Por que eu Pai? Por que?
E Deus desceu das nuvens em forma humana, para que o pobre sofredor pudesse sentir-se confortável com sua presença. E Deus se ajoelhou do lado dele.E Deus abraçou ele. E Deus estava a chorar também. E ele disse ao seu filho:
-Perdoe-me, meu filho. Eu o mandei, do mesmo jeito que mandei teu irmão milênios atrás, para absolver a humanidade de seus pecados, o sangue deles pelo nosso, cômoda última vez. Mas dessa vez não foi igual. Eles já tinham tido essa chance, eles sempre disseram que esperavam outro messias, mas quando lhe enviei filho meu, eles apenas judiaram de ti, eles apenas tornaram tua vida o lugar onde agora habitam: o inferno. Eu não queria que sofrestes assim filho meu, perdoa teu Pai, chora tuas lagrimas em meu ombro, está na tua hora de descansar...
Você que acredita em algum Deus, ou como eu você que não acredita em Deus, isso não muda o fato que o bem e o mal existem. Suas concepções são relativas, os dois podem se confundir e se tornarem um, não havendo lado da luz ou das sombras, mas isso não muda o fato de que aqueles ao seu lado merecem respeito, consideração e, acima de tudo, compaixão. Se hoje você trata mal alguém, amanhã ele descontará no mundo. Se hoje você trata alguém com misericórdia, amanhã ele à terá com o mundo. Pare de tentar aumentar sua existência tentando diminuir à dos outros. Você nunca sabe quem irá machucar com essa atitude...
"Que os ecos da chuva enobreçam sua mente"
Atenciosamente, Echi Di Pioggia