Diário in-díario número 01 – Liberdade?

21/01/2010 - 01:45

Liberdade...

O que é liberdade?

Essa pergunta me consome todos os dias... Gostaria de verdade saber o que é essa tão falada liberdade...

Liberdade pelo dicionário:

- Liberdade individual, direito que tem cada cidadão de ir e vir sem restrição em todo o território nacional, de estar em segurança nesse território (principalmente de não ser privado de sua liberdade senão em certos casos, prescritos pela lei), de poder daí sair e aí reentrar.

- Liberdade natural, direito que o homem tem por natureza de agir sem qualquer constrangimento externo.

- Liberdade de opinião, de pensar, direito de exprimir cada um seus pensamentos, suas convicções.

Enfim, faculdade de fazer ou de não fazer qualquer coisa, de escolher.

Mas afinal... Liberdade é isso? Segundo filósofos, liberdade é basicamente isso, mas de maneira mais do que resumida e talvez sem nenhum teor teórico que eu trago aqui, porém, é mais ou menos isso o que nós achamos (pelo menos eu creio) que liberdade é.

Claro que isso vai muito além, mas mesmo assim... O que eu vejo no passar dos dias é sempre algo completamente contrario.

Um dos exemplos que vejo... É o de falta, liberdade de expressão... Onde já se viu pessoas em pleno séc. 21 que são “obrigadas” a se rebaixar, sem ao menos terem a chance de se pronunciar, coisas como: “Enquanto estiver aqui, você vai obedecer sem opinar, minha casa, minhas regras”.

E assim vamos vivendo como se isso fosse normal... Pode até ser para pessoas que estão paradas no séc. 20 ou ainda mais, no séc. 19. Mas todos vivem dizendo que vivem se atualizando...Mas sempre tem aqueles que não querem ser desse séc. Mas o que fica cada vez mais aparente, é que isso se da talvez pelo medo de acabar indo contra todas as coisas que se acredita, os princípios, e a própria moral talvez.

Acabam gerando assim (in) conscientemente um tipo de hipocrisia, querendo gerar aquela imagem de família perfeita, ou talvez mesmo tentar ter o controle, mesmo que sendo temporário sobre certas pessoas, até mesmo entidades acabam causando isso. O que logo não se limita a família ou um circulo de amigos, por exemplo.

Como agora, estou lendo 1984, de George Orwell, que exprime um mundo inteiro assim, onde tudo é controlado pelo governo, onde até o passado é controlado (por exemplo), gerando um controle sobre o presente nas pessoas, que logo será um controle sobre o futuro, pois o presente será alterado para a manutenção de tal controle, se tornando assim mais um passado em constante “manutenção”.

E essa manutenção é como a própria hipocrisia, pois fazem uma coisa, minutos depois fazem outra, e ainda dizem que fazer o primeiro, ou vice-versa, detendo um controle absurdo sobre diversas camadas da sociedade, se utilizando de mentiras, de controle sobre situações, de voltas sobre problemas sem os resolver, dando apenas a impressão de que esta tudo bem quando não se esta.

Liberdade de poder fazer qualquer coisa. Segundo o filosofo J.P.Sartre, liberdade é basicamente isso, claro que conta sim o engajamento pessoal de cada um, a autonomia perante as próprias escolhas, o escolher pessoal, não jogando a “culpa” em entidades ou outras pessoas ou influencias exteriores de qualquer outro tipo.

A escolha é livre, mas mesmo sempre tendo essa liberdade de escolha, existe apenas uma “regra” a se seguir, segundo Sartre, o ser humano só esta condenado a uma coisa que não pode ser alterada, que é a condenação de sempre escolher. Por exemplo, não escolher é uma escolha. Todos aqui têm a liberdade de levantarem a mão e perguntarem qualquer coisa, tendo nexo ou não sobre o assunto. Mas alguém o faz? E se o faz, faz de livre e espontânea vontade, ou foi porque eu disse isso?

O ser humano é livre, mas as pessoas, no geral, usam de desculpas para poderem fugir de verdades que doem, ou mesmo de realidades que possam “atrapalhar” suas vidas em certos momentos, e então passam a culpa da própria escolha a situações e pessoas (como é o que eu pretendo apresentar aqui), e se fazem de hipócritas, pois fazem uma coisa e dizem outras, ou mesmo o contrario, literalmente mentindo para poder manter as imagens perante o mundo real, mas o real já não existe mais, não para aqueles que se fazem de hipócritas, pois o mundo começa a se tornar fantasioso, pelas próprias escolhas, e quando notam, vêem que suas vidas se tornaram vazias, criadas em pilares de mentiras que criaram a vida interia, que fugiram de responsabilidades que às vezes poderiam ter mudado o rumo de suas próprias futuras escolhas, lhe sendo apresentados novos leques de escolhas.

E assim vai se gerando novas famílias criadas dentro de esferas de hipocrisia e mentiras, covardias e canalhices, pois o ser humano vai ficando acostumado a viver nesse ambiente de fácil evasão dos problemas e responsabilidades. Só sendo quebrado por aqueles que conseguem enfim se “libertar” disso, e com a coragem que outros acabam não tendo, enfrentam suas responsabilidades, dizem a verdade em vez de mentiras, e ainda por cima são vetados pelos hipócritas, pois acabam tendo medo, em geral, de ter suas farsas jogadas ao chão.

A hipocrisia de esconder os fatos, de ver que esta tudo dentro dos conformes, essa estranha mania de dizer que tudo esta perfeito, de mostrar a “família da propaganda de manteiga”, fazem de todos nós, pessoas canalhas, medrosas... Pois nunca haverá de ter um ser humano que não mentiu, ou que já não escondeu um simples fato que seja, para poder se livrar de uma situação desconfortável. Mas é claro, isso sempre de livre e espontânea vontade.

O fugir da situação desagradável não é ruim. Pois nem tudo pode ser dito as claras, é obvio. O que deve ser vetado sim, é a hipocrisia... De dizer que isso foi feito por alguma influencia, externa... Algo que não seja próprio... A escolha é sim do sujeito, e seus resultados diretos são de responsabilidade da pessoa que decidiu ser assim. E fugir disso sim é o causador da hipocrisia, da mentira, da canalhice.

Se todos nós pudéssemos assumir tudo o que fizemos, seja em prol de outro, ou para evitar alguma situação ruim, seriam sim muito mais claras as intenções dos outros... Talvez os julgamentos prévios, que ainda assim são ruins, pois não se pode julgar nada sem conhecer antes, não seriam tão pesados, os pré-conceitos talvez fossem menores e menos pesados.

A hipocrisia é um vicio da atualidade, evitar e se esconder, ainda mais, jogar a culpa no próximo esta muito mais além da moral e dos bons costumes que todos pregam querer em vigência na sociedade atual. O que torna essa hipocrisia criada pela sociedade muito maior, gerando assim círculos viciosos de hipocrisia que dificilmente são quebrados, pois manter uma situação agradável (quando não se é) é muito mais fácil, assim como fugir de problemas dando desculpas que podem ser esfarrapadas, ou mesmo dizendo que não se tem escolha (quando não se dar uma escolha já é uma escolha).

Deixar rolar ao invés de enfrentar o problema, dar a volta nele ao invés de olhar para ele e lutar para acabar com ele é bem mais cômodo.

Quantas pessoas se assumem hipócritas? E quantas dizem que enfrentam os problemas?

Quantas pessoas não dizem falar apenas a verdade na cara das pessoas quando fazem completamente o inverso?

A hipocrisia é um veneno, algo que contagia, um tipo de fantasia perniciosa, que nos faz querer o fácil da vida, que às vezes nem é tão fácil... Pois deixar de ser hipócrita é mais difícil do que se imagina...

Minari
Enviado por Minari em 21/01/2010
Reeditado em 21/01/2010
Código do texto: T2042055
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