O corpo aguenta?
Quando o universo quebra, o que sobra é o resto e o resto, todos sabemos, é o resto. Desconstruímos todo nosso chão e pisamos no limbo de nosso mais intimo nada, não nos passa na cabeça se quer a possibilidade de reconstrução, pois até a base de reconstrução se quebrou em meio ao nosso universo e nada sobrou, nenhuma pedra, sentimento ou lembrança, apenas o corpo inerte e ainda vivo pisando em cacos de uma vida dispersa em algumas palavras, nenhuma lembrança e se quer uma prospecção de futuro, bom ou ruim. Nos dissipamos em meio a tudo, ouvimos todos e entendemos menos ainda, nada importa e o que conta não conta absolutamente mais nada, tudo muda, muta e desfaz o ser que outrora ainda éramos, não sabemos sentir isso, apenas vivenciamos, é fato. O homem que quebra serve de adubo para a semente que plantou anteriormente, boa ou ruim, nova árvore nasce se o corpo ainda sustenta a leveza de existir em reconstrução. É necessário a morte de um universo para o nascimento de varias estrelas e não se enganem, buracos negros. A semente que carregamentos na mente e no coração é enterrada, soterrada pelos restos de nosso reconstruir em algum momento em que supostamente perdemos tudo, é falso, reerguemos dos restos, solidificando valores e força, nossos calcanhares frágeis são o mosaico de universos aos quais abandonamos e agora sustentam um novo presente. Assim é o ciclo da existência, não se planta para colher, se morrer para nascer varias e varias vezes, a semente é a mesma sempre, fundida e incrustada a alma, o quanto o corpo agüenta, não sei dizer, o meu já morreu centenas de vezes e ainda escrevo aqui, duvido da fé e do homem, creio em Deus, em mim, no meu renascer, me perdôo por viver ainda, vou em frente e carrego as correntes em meio a cacos que pisei no percurso turbulento de se tornar quem me tornei, especial ou mais forte, melhor, não me passa pela cabeça, sou o que me tornei e apenas, hoje, morro novamente.