somente o que é risível tem valia. niesztche dizia não acreditar em um deus que não dança, certamente porque não podemos levar a sério a seriedade. fácil de se cumprir, quando se é chaplin, chico, henfil ou criança. nunca fui palhaço, e envelheço rapidamente quando conto o tempo. nem sempre foi assim, já ri muito, com os gibis do mauricio, as trapalhadas da pantera e mister mago, por falar em trapalhadas, domingo à noite ninguém me tirava da frente da televisão, em preto e branco didi, dedé, mussum e zacarias eram a essência da diversão. antes vinha o bronco, depois vieram os três patetas, o gordo e o magro, o mazzaropi (“Pra ser um palhaço/ Um carlito, um caipira/ No grande circo da vida/ Tem que ser louco e não ser/ E o povo todo sendo o Jeca com você/ Era uma coisa muito linda de se vê” – jean e paulo garfunkel, era a revista mad, o trinit. eu ria mais da imitação que o nivaldo fazia do jerry lewis que do próprio jerry, e ri de apertem os cintos que o piloto sumiu, e me consumi em os deuses devem estar loucos, tootsie e gaiola das locas. até chegar no steve martim e uma série de filmes que chamo de clássicos. estes dias revi fé de mais não cheira bem, ainda encontrei motivos de riso, menos que antes, mudei, o filme é o mesmo.
quem primeiro me alertou sobre esta mudança foi a mara, num encontro repentino, madrugada ao meio, festa no fim, carlinho? está tão sério, não faça isto com você. mas eu fiz. acho que foi a falta do ditinho e do pedrinho, a lonjura do quiel, o sumiço do bene, estes seres leves, palhaços em tempo integral, que me ajudavam a manter o riso e a alegria. não digo que não alegre, mas rir de bobo, rir por rir, à toa, como dizem, ah, como me custa rir. maria me faz rir, marina também, mas são outros risos, é o riso do amor e da paixão, do encantamento, não é rir do mundo, das coisas, de mim.
por isto mesmo estes dias me surpreendi em plena gargalhada, surpreendi a gargalhada e a mim. o motivo? uma passagem que lia, do novo livro do saramago, caim. o português me fez rir, e há aqui uma série de significados, até trocadilho pode ser. o português é o saramago, e em geral rimos de piadas “de” portugueses, contadas por brasileiros em que o gajo está sempre a ser dar mal. só que este português, esta pessoa, este escritor, escreveu algo que fez-me rir. o português é a língua, a dele, a minha, a nossa, porque aqui ninguém está a me ler em aramaico, hebreu, latim, inglês ou qualquer outra língua oriunda de babel, é em português mesmo, que ele juntou verbos, sujeitos, predicados, pronomes, figuras e sabe-se lá o que mais, saramago é um inventor da escrita, e escreveu algo que ainda agora faz meu riso aparecer. está lá, quando caim encontra-se com abrahão que vai sacrificar, por ordem do senhor, seu único filho isaac. saiu um “filho da puta” tão espontâneo, tão sincero, tão merecido, que rir é o inevitável.
tornei-me sério, exigente, arrogante, mas a inteligência ainda me sensibiliza, e faz-me rir.
em tempo, alguns gênios criam obras que sabemos difíceis de serem superadas, quiça, igualadas. saramago escrevera (dentre todas as suas genialidades) dois livros supremos: o evangelho segundo jesus cristo, e o ensaio sobre a cegueira. conseguiu outros dois, ensaio sobre a lucidez e caim. merecia outro nobel.
quem primeiro me alertou sobre esta mudança foi a mara, num encontro repentino, madrugada ao meio, festa no fim, carlinho? está tão sério, não faça isto com você. mas eu fiz. acho que foi a falta do ditinho e do pedrinho, a lonjura do quiel, o sumiço do bene, estes seres leves, palhaços em tempo integral, que me ajudavam a manter o riso e a alegria. não digo que não alegre, mas rir de bobo, rir por rir, à toa, como dizem, ah, como me custa rir. maria me faz rir, marina também, mas são outros risos, é o riso do amor e da paixão, do encantamento, não é rir do mundo, das coisas, de mim.
por isto mesmo estes dias me surpreendi em plena gargalhada, surpreendi a gargalhada e a mim. o motivo? uma passagem que lia, do novo livro do saramago, caim. o português me fez rir, e há aqui uma série de significados, até trocadilho pode ser. o português é o saramago, e em geral rimos de piadas “de” portugueses, contadas por brasileiros em que o gajo está sempre a ser dar mal. só que este português, esta pessoa, este escritor, escreveu algo que fez-me rir. o português é a língua, a dele, a minha, a nossa, porque aqui ninguém está a me ler em aramaico, hebreu, latim, inglês ou qualquer outra língua oriunda de babel, é em português mesmo, que ele juntou verbos, sujeitos, predicados, pronomes, figuras e sabe-se lá o que mais, saramago é um inventor da escrita, e escreveu algo que ainda agora faz meu riso aparecer. está lá, quando caim encontra-se com abrahão que vai sacrificar, por ordem do senhor, seu único filho isaac. saiu um “filho da puta” tão espontâneo, tão sincero, tão merecido, que rir é o inevitável.
tornei-me sério, exigente, arrogante, mas a inteligência ainda me sensibiliza, e faz-me rir.
em tempo, alguns gênios criam obras que sabemos difíceis de serem superadas, quiça, igualadas. saramago escrevera (dentre todas as suas genialidades) dois livros supremos: o evangelho segundo jesus cristo, e o ensaio sobre a cegueira. conseguiu outros dois, ensaio sobre a lucidez e caim. merecia outro nobel.