PORQUE AMAR E SENTIR- Reflexão
REFLEXÃO
PORQUE AMAR E SENTIR
Eu não sei fazer montagens artísticas ou pintar um cenário, mas sei sentir, não sei desvendar ´místerios mas sei reflectir sobre eles, não consigo definir emoções e sentimentos como se matéria se tratasse, mas sei interiorizá-los no palpitar do coração apressado, não sei explicar como de um ovo que pode ser frito, nasce um pintaínho com penas, bico, coração e vida, não sei explicar como nasceu o universo mas sei talvez contestar que o big-bang que é sustentado como sua origem tinha dois espaços- o concreto/matéria e o vazio mas ...quem os fez? Não sei fazer tanta coisa mas sei amar com simplicidade.
Sim, porque o sinto todos os dias quando olho as arvores quase despidas no Outono e vejo as folhas de um color único cairem inertes no chão como lágrimas, ou quando vejo renascer a água de um ribeiro ou córreo como se uma mãe desse de novo à luz um filho perene de vida e quando a estrela da manhã se enconde para dar lugar ao Sol ou a Lua beija os namorados que se encondem num banco do jardim. Si, porque amo ver o chilrear das crianças no terreiro, o relato do idoso no recanto solarengo sobre vidas vividas de um passado distante e presente, do caminhar apressado dos operáros carregando nos ombrfos a imagem da família que espera encontrar com o sustento que lhes leva amassado com suor, o segredo de um castelo e da vila amuralhada, que pode ser Trancoso, Penedono, marialva ou Óbidos.
Sentir aqui na proximidade é ver o simples como aquilo que gosto que tudo seja: humilde, temente de D-us, mãos abertas e nunca fechadas para ajudar e a sentir. Amar é caminhar , nunca é um ponto de chegada. Mesmo quando o caminho parace mais pedregoso e ingreme há um sempre "mais além" que traz mais tranquilidade a esse mesmo caminho.
A felicidade constrói-se sempre na Paz e na Fé, mas também na entrega e no AMOR. Sem amor nada há. Nada de nada. Nem Paz, nem alegria, nem felicidade, nem luta. Alias, é a luta que faz de nós sermos mais humanos e mais fiéis a nós e aos outros. Lutar não no sentido de ser superior e quer ganhar na força.è fazer brotar a energia que está dentro de nós, abraçá-la dedicá-la a nós mesmos e aos outros porque, como diz o mandamento " Amarás o próximo como a ti mesmo" e, conquistar não é fazer impérios que são efémeros no tempo e no espaço. O que é um século ao lado do Universo? O que é um império ao lado de um Homem se este é capaz só por si de o conquistar sim, mas também de o destruir num ápice? Num acordo de Homens também, á mistura de interesses estratégicos, esconomicos ou mesmo etnicos e religiosos?
Questiono-me por vezes de que vale lutar e bradar com armas e destruir vidas inocentes, tantas e tantas, se os actores desse "teatro de guerra" são já de um guião destruido numa cena interior que os manietam, consomem, lhes tiram a visão do coração e da alma, para se cãsarem com o pó de um qualquer deserto ou de uma sargeta ou do recanto escondido de uma cidade qualquer!
Que saudades term o soldado empurrado para o desconhecido - onde ele mesmo se torna desconhecido - dos sorrisos da criança que ficou dormindo, da esposa banhada em lágrimas, dos pais, dos amigos, do cheiro da terra molhada, da pradaria verdejante ou dos campos trigueiros no seu louro de fartura e labor!
Um lar é um templo onde deve reinar a Fé, a Paz e a Harmonia. Constrói-se a alimenta-se com Amor. Em volta de uma mesa, mesmo que ela seja uma tábua carcomida e os bancos sejam apenas uma pedras informes, se houver um naco de pão e um pedaço de carne, um peixinho acabado de pescar com a cvana improvisada, um fruto da Natureza, um sorriso e um carinho, há mais do que na afanada mesa esculpida e envernizada, cheia de iguarias e gargalhadas, de vinho que escorre pelas gargantas sem por vezes nada saber, sem a vontade de ter e saborear. A mesa rica não significa a rica mesa. Nesta falta muitas vezes o Amor, o companheirismo, a entreajuda.
Que comparação terá a felicidade de um pobre quando come esporadicamente um pão recheado com carne quando o rico nem sequer saboreia já os frutos do mar a que está habituado e que digere arfadadamente perante o olhar do humilde que o espreita do lado de lá da vitrina e que queria ao menos um pouco do pão que o outro vai deixar abandonado sobre a mesa ou umas moeditas que ali ficam de gorjeta.
O Humilde contenta-se com a roupa que veste usada como de um terno novo se tratasse! Ah! como lhe fica bem, mesmo que tivesse sido deitado fora, num contentor qualquer que diz, na via pública "Roupa" que não serve para uns mas que aconchega outros que nem sequer a migalha têm para sentir o prazer de comprar.
Pergunto-me porque será que D-us faz do pobre o sofredor mas ao mesmo tempo lhe dá o carinho de um dia, pelo menos, mesmo que seja Natal ou a festa da terra,
da dar a "prenda" de uma refeição quente, mesmo que seja a tigela comida na soleira da porta pelo mendigo errante que partilha com o cão companheiro.
Amar é ter e aproveitar, construir, alimentar, sonhar, querer ir mais além. Amar é também ter Fé e Esperança, olhar em frente e camin har, caminhar
Como é belo ser simples!
José Domingos
2009.12.09