Vida, pobre iludida.

Meu Deus, perdi o rumo. Blasfêmia, me escondi dele. Ter o bem concretizado em suas mãos, coração aberto, alma lavada e disposto pra você; ensinar, te doar, o melhor. Confundi a água do oceano sem fim, com a de uma reserva limitada, cruzei o caminho dos dois e abri passagens para o ir e vir dessas duas águas. De fato o oceano é rei, na verdade a água de pequena proporção da reserva, contagia. Pequeno vírus, menor ainda o falso molde. Querida vida, que nem sempre tão docemente me acorda, de sujos lençóis já me cobristes e do fruto do meu próprio veneno, usaste contra mim, e eu tão esperta, tão ingênua. Vem com tudo pra cima de mim, e então eu descanso... Me acostumas e, logo apanho. Vou pra cima de ti, te domo, te mostrou quem sou, mando e desmando no jogo, salto alto, passo firme, sem dó entre cada derradeiro asfalto. Me pega na esquina, no ato, de quatro, eu caio, desmaio, sem lembrar quem sou. Teu remédio me diz lucidamente, nada és contra mim, mestra iludida és se no compasso não der cada passo apenas pensando em mim. Eu revido, te lanço, te questiono, discordo, não sedo teu arremesso do meu querer, para fora de mim. Mim? É você, sou eu, eu e você, logo... nós. Não aceito, te quero, te nego, me persegues, me leva, me esnoba, te peço esmola por compreensão, te seduzo, me iludo e logo penso... perteste, tentação. Ressuscita, revida, abre meus olhos, com o vento seco, áspero e forte, em direção ao alvo do meu interior; só pra me afogar em águas indesejáveis, que fui eu o próprio autor; mas insisto e te digo por todo caminho, te nego dizendo: não é pra lá que vou. Me calas, com o mais amargo beijo e ainda por cima me deixas desejo de, hm... que duvida eu sou? ... Calada, quero a reprise e acabo apostando no inconsciente de que você, é o ditador. Por fim, ressurjo da água, pequena viajem no teu interior, meu interior. Pequeno campo de guerra, que nos cerca, por sempre duvidar do imbatível e óbvio esperando por simples e exatas ordens, pra poder enfim, tudo se impor. Vida, me desculpe, mas eu não pude por em prática meu entendimento sobre o teu querer. Compreendi, o problema é o meu gosto pelo estrago, pelo sabor amargo que me despertou, me laçou, me conquistou. Grata a você, eterna intensa guerra de conflitos, de ages atitudes e de conseqüentes irritações. Aprenderei somente e te darei alívio, quando eu morar debaixo dos teus pés.

Jennifer Braga
Enviado por Jennifer Braga em 27/11/2009
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