O sexo depois dos trinta

Confesso, tive suficientes experiências sexuais em minha vida profana e sacana. Vivi muito, fiz de tudo um pouco, senti e deixei sentir, fiz ao acaso, por acaso e até em descaso, fui bom, ruim, péssimo, admito, algumas vezes excelente, fiz amor de madrugada em cima da pia e em baixo da escada, no banheiro do bar, na mata, no chão, no mar e não consegui passagem para ir a lua, mas cheguei lá em minhas loucuras, transei, gozei, fiz amor, fiz sexo, trepei, sacaneei, rolei e deitei, deleitei os sentidos e tatos, os cheiros, os sabores, os gostos que o sexo puderam me oferecer, explorei e compreendi melhor meu corpo e o corpo alheio, aprendi que nenhum é igual, que os sentidos se dispersam pelas veias como pensamentos e mudam dia a dia, sem nunca, jamais, serem iguais e repetidos. Aprendi que somos mamíferos carentes e curiosos, que mesmo os reprimidos são pervertidos, não, não escapamos da sina de viver e querer uma sacanagenzinha que seja, posições, jeitos, estados de espírito e volúpia, manchei minha alma com este prazer e por fim tingi seu restante. Depois de tanto fazer, aproveitar e sentir esta forma bela de amar,percebi o desejo profundo de ser reconhecido ali, naquele momento perfeito. Não por nome ou CPF, mas o prazer real de saber que aquele corpo que contrapõe a pegada, sabe quem esta li, pensamento, valor e existência, uma noite fugaz tem seu valor, não desprezo, mas gosto de saber que quem comigo goza, goza o prazer de estar comigo. Em suma, sexo tem cara sim, pode ser uma multidão, mas tem que ter feição e profundidade, acredito que dentro de toda sacanagem tem coisa seria ali, chama alma e caráter, não abro mão, sexo por sexo, me viro sozinho agora, afinal, já comi todo mundo que minha juventude me permitiu, agora quero sacanagem profissional, com direito a sindicato e regularidade, se durar um dia, semana, ano ou uma vida, não interessa, mas dentro de todo sentido e desejo, há de se ter o desejo de desejar e saber o porque disso, ta bom, bem vindo aos trinta.