Um Carrossel que gira.
Hoje é domingo à tarde. Estamos no horário de verão. O sol ainda está a pico, e o clima é ameno. Não estou sentado em um jardim ou bosque, estou sentado no meu portão. Eu nunca gostei muito do domingo, mas este está absurdamente agradável. Estou sentado na sombra, não de uma bananeira, mas de uma árvore que desconheço o nome. Que estranho. Parece-me que estou a escrever faz horas, mas ainda não preenchi metade da página.
O céu está azul. Um azul tão calmo. Tão diferente do azul escuro e inconstante que o céu estava ontem. Mas ontem era sábado. E hoje é domingo à tarde. Vejo nuvens brancas. Algodões, no céu. Do outro lado da rua, existe uma árvore. De folhagem verde e florida com um amarelo. Uma mistura de cores bem nacional.
A Terra é um planeta engraçado às vezes. Ela gira, gira e gira. Como se fosse um carrossel. Você coloca uma moeda e ele começa a girar. E então eu me sinto seguro. Porque por mais moedas que eu coloque, por mais que o carrossel gire... Ele sempre volta no mesmo lugar. Assim é a Terra. Num belo domingo de sol, giramos e giramos. Só que no fim do dia nós voltamos, sempre, para o mesmo lugar.
E você já viu um dia de sol? É como ser algo novo. Algo inédito. Como se aparecesse no canto da tela um “closed caption”. Só que é como se a vida fosse inédita, mas nós sabemos como será o próximo capitulo. A hora certa do diálogo certo com a pessoa certa. Como se tudo não passasse de uma valsa lasciva e carmim. Ou então uma peça de teatro.
1,2 e 3! Começou o espetáculo. A vida começa com um monólogo e termina com outro monólogo. Primeiro as cortinas se abrem. Saímos das entranhas do camarim. Damos os primeiros passos. Balbuciamos as primeiras palavras, as meias-palavras. Jogamos com a vida. Criamos uma personagem. Algum tempo depois, vem o “gran-finale”. Fazemos uma campina. Sepultamos o passado e o futuro, soltamos as graças dos silfos risonhos. Atrás desta campina encostamos a cabeça e vemos o pôr-do-sol... E isto nos remete ao começo de nossa jornada. É como um carrossel. Que gira, gira e gira... Independente do tanto de moedas que tenhamos para colocar. Só que uma hora as moedas acabam. E o carrossel para. E nós descemos no mesmo lugar onde entramos.
É como se a vida fosse um carrossel... O único lugar onde me sinto seguro.
"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"