Barão de Coubertin

Quando tinha quinze anos, fazia atletismo no Fluminense e no CEFET-RJ. Pensava: é isto que as escolas precisam; é isto que o Brasil precisa: incentivar, investir no esporte desde cedo. Foi quando tudo começou em mim; minha epifania.

Naqueles tempos, sonhava poder fazer algo pelo Brasil. Mas, esta chance nunca tive; nem o Brasil teve. Fomos avassalados pela abertura da porteira da ditadura, e a boiada correu solta; até hoje está dispersa. Nem tanto ao céu, nem tanto a terra é o que precisamos. Trabalho poderá ajustar esta diferença entre “a cabeça no forno e os pés no frízer”.

Hoje, existe uma chance de mudar-se um pouco a mentalidade brasileira e aprender que, quando todos crescem, todos ganham.

Sim, parece impossível; e não depende da minha vontade para que tal possibilidade seja aproveitada. No entanto, parece-me que muitos vêem isso.

A esperança está na História: poucos sabem em que cidades como Nova Iorque a corrupção se fazia em todas as alçadas, promovida e comandada, até os anos 60 e 70, pelo engenheiro Robert Moses. Chicago, lembrem-se, era o Rio de Janeiro de hoje: o crime organizava.

A Europa foi envolvida por guerras e atrocidades. No Japão, a decapitação já foi rotineira.

Impossível não é. E o difícil é estimulante.

Claro, existem aqueles que já nascem com cara de abortados; e outros que entendem a vida como uma oportunidade.

Os primeiros, morrem mesmo; pois, já nasceram mortos. Os outros fazem história. Mesmo que não tenham seus nomes nos livros.

E, na beira das críticas e ansiedades, dos elogios e expectativas, tem-se a chama da vida, simbolizada pela Fênix; que vacila e se ergue, continuamente, incansavelmente. Posto que, viver é nascer e morrer a cada instante.

E nosso espaço compartilhado – aqui, chamado Brasil – morre, mas renasce a cada instante que trabalhamos e dedicamos alguns milésimos da nossa comunhão. Do nosso entender mútuo.

Os Jogos Olímpicos representam isto desde os primórdios do Ocidente. Guerras eram paradas, na Grécia, em respeito à sua celebração.

Depois, no fim do Século XIX, um tal Barão sonhou com o renascimento desse espírito – o Espírito Olímpico – como a reaproximação dos povos.

Seja onde o Barão de Coubertin estiver, deve ter ficado feliz, nesta última sexta-feira, 02/10/2009.

Da minha parte, espero que este espírito de renascimento, renascido e reinventado pelo Barão, não apenas aproxime o Brasil do Mundo, mas o brasileiro do brasileiro.

w.m.