Pergunto a vida, o que é o amor?
O que é o amor? Não sei responder, tanto já falei deste assunto, tanto clamei, tanto desejei, como busquei e esperei, tanto fiz, tanto fui demagogo deste assunto, falando e falando sem nada fazer a respeito, na verdade, por falta de respeito a mim mesmo, a meus ideais, a minha vida, a toda a minha historia, a tudo o que sempre desejei, a casa simples, as flores, a varanda com mensageiros dos ventos, os cães, um ou dois incensos acesos, boa musica, folhagens no quintal, uma rede, onde o dinheiro não há de fazer alguma diferença, o suficiente para driblar o sistema capital, somente. Bons amigos, liberdade de pensar, fazer, compreender da forma que quiser, ser livre e ali ficar, ter o gosto do café em meu paladar, e em meu despertar, como ao dormir, sentir em meus poros, o completo da vida, vida. Desprender de tudo e todos, deixar para trás o mau involuntário que fiz e me fizeram, apenas seguir com o leve sorriso no semblante que mostra que sempre há de estar tudo muito bem, seja como for. Caminhos diversos seguidos, covardemente deixei mortos e feridos, me feri, rasguei minhas escolhas, acendi a luz e segui no longínquo caminho da solidão. Vejo minha vida dentro de minha vida, não consigo pensar diferente disso agora, será que o amor me chama? Será que desta vez quem clama é ele? Toda cumplicidade e o silencio que orquestra em notas mudas a sinfonia que vai conduzir minha vida a partir de novas escolhas. A maturidade de saber quando devemos se deve a experiência e sofrimento, em minha opinião. Dentro do peito, uma maquina potente, veloz, capaz, valente e desligada. Sinto a faísca de uma ligação direta onde haviam cortados todos os possíveis fios para a partida de uma nova vida. Sinto a faísca, sinto a vontade de correr, de seguir por ai, e ter as premissas básicas e simples de uma vida tranqüila e feliz, sem mais complicações ou derivações que não concluem nada. Não quero me desamparar desta vida que é minha vida. Não quero deixar para trás o que busquei a frente um dia. Sei dos meus medos, do meu tempo, do meu jeito, e sei que endureci por medo e afastei o encanto desencantando o simples que me tornei hábil em tornar complexo. Arte inútil que me fez incompreendido e nada mais que valesse. Como dizia Raul, as vezes a vida tão calada, e eu com medo de falar, ou você esteve aqui ou nunca vai estar, tudo passou, o trem passou, mas o que não contávamos, é que mesmo que tudo tivesse passado, no caminho haveria de haver tantas estações que na verdade, na hora certa, no tempo certo, inconscientemente, ali, em uma tarde qualquer, em um banco de madeira velho, sentaria ao lado, e com surpresa, encontraria ali, esperando sem querer partir, ou ficar, mas apenas esperando, minha vida, pronta e completa, para partir para onde deveríamos ter ficado então, a casa, onde todos tem voz, e o som que se escuta, é uma silenciosa sinfonia tocada e regida por dois corações, por duas vidas, por duas condições que exploraram todos os limites para serem só uma, e então, não mais perguntar o que é o amor, porque a resposta não interessa, que a busca, simplesmente não ama, ou amou, quem o sente, se cala, se ocupa, e na imensidão deste grande espetáculo, faz circo da vida, e assim, sem mais, nem menos, sem sinal que faça ser claro, como a fé, tudo se torna possível, dentro de dois mundos que se fundem e acreditem, assim, se faz possível do impossível, e para variar, ao falar sobre isso, me perco ao discorrer tantos pensamentos, mas é fato, não sei responder o que é o amor, e agora pergunto a minha vida, preciso mesmo buscar esta resposta, o que é o amor?