IMPOSSÍVEL RESGATAR A MORTE

Mais uma vez sozinho. Tudo porque

me preocupo e de me explicar,

não fujo. Até que, palavra por palavra,

atinja o objectivo pretendido,

alcançando por fim, a acção e reacção.

No entanto, há muito percebi, que terei

de viver com o passado, o livro escrito

com meu próprio sangue, que não tem

desculpa. Pária da sociedade, o respeito,

que, porventura, me é devido, feneceu.

E, se acaso, sou cordeiro, espera-me a

merecida degola; mas se sou, como que

um tigre, de abater, a sangue frio, é meu

destino: pois toda a minha intenção é ser

perfeitamente livre, ideologicamente.

E sem falsos rodeios, expresso meu firme

pensamento, que, modéstia, à parte, nem

todos alcançam, e logo sou apelidado de

ofensivo, e, de ter segundas pretensões,

pondo em causa, meu amor e fidelidade.

Minha paga, de trinta anos, é ser palhaço,

e, fazer rir, a todo o instante, quem diz

querer-me bem, usando minha identidade

supérflua, de outros tempos, para aí me

cobrarem, a belo prazer, minha humildade.

Quem me ouve, no mais recôndito de mim,

e, de meus silêncios, faz morada e toda a

inerente verdade, que sempre esteve a meu

lado, saberá necessariamente, que tudo isso,

é o meu maior respeito, para com os demais.

Sempre um eterno vagabundo, tudo na minha

vida, tem pouca duração. É que não nasci para

ser feliz, e, o meu esforço, é tentar sobreviver,

a mim mesmo, afastando todos os pesadelos

suicidas, com um par de rosas brancas, nas mãos.

Todos os dias morro um pouco mais; e numa vã

tentativa, recorro ao teu amor. E bem no alto,

do precipício, dou por mim procurando-te. Mais

abaixo agiganta-se o mar; ouço-o chamar por mim,

clamando meu nome; que às águas, hei-de voltar.

Jorge Humberto

12/02/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 13/02/2009
Código do texto: T1437519
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