Aprisionem a mente. Libertem o Amor.
Mente que se tranca a força, camisa de força, branco, sem lenço e documento, só a mente.
Nada entra, pouco se sai, a boca se fecha e os olhos se abrem a jorrar, conto e canto,me fecho.
Sinto a angustia e a privação do sentir, do desejo, a vida é minha e não mais de ninguém, o que me julgam, o que me conhecem, o que querem de mim, sou eu que tenho que querer.
Me privam do desejo, do mundo, do lábio e do corpo, os meus, os seus, de quem for, nada tenho se não minha boca seca e meus pensamentos áridos.
Fico aqui, no branco da mente, na mente latente, nada mais me parece normal ou se quer coerente.
Ainda tenho forças de chorar, grito mudo, abafo meu querer no travesseiro companheiro do sono que era e agora deixou de ser, penso em tudo que posso, e agora aqui, não posso.
Impossível conhecer minha mente, como sabem o que farei, quando farei e para quem farei, não sabem, desejam saber, tentam, me enclausuram e me estudam por comportamento e repetição, não sou parecido a nada, sou um ser e só, penso, e ainda sim querem me tirar isso.
Querem meu pranto e que então me acostume a ficar em qualquer canto, não vou deixar, tenho forças, penso ali no amor, meu coração é liberto para sentir, não vou, não vou.
Mente que se aprisiona, coração que se liberta, vôo longe daqui deste quarto, sinto ainda, ódio, raiva, amor, rancor, arrependimento, tudo isso, eu sinto, sinto isso, isso me faz sentir ainda mais, não vou desistir, não vou, não vou.
Ninguém sabe o alto do meu berro, a dor do meu choro, a solidão de meu ser, ninguém, penso, talvez, alguém.
Escrevo nas linhas imaginarias de meu amor e tenho esperança de logo sentir o vento no rosto, e parar de jorrar minhas lagrimas, deixar o tempo e o vento levar a meu amor o que tenho a dizer, na verdade, é o mesmo silencio que tenho aqui, agora, pensando nisso, só que com todo amor do mundo, em um só tiquinho de tempo e mundo. É o silencio que mata, que traz a vida após, já dizia cazuza, há de se ser triste para se salvar depois.
Calo agora meus pensamento presos, fico quieto, tento dormir, minha mente latente pensa em tudo e avalia os amores e todas as dores, sinto falta do simples, do singelo, da harmonia de ser liberto, do falar a toa por ai, alias, agora sei que minhas palavras valem e custam caro, por isso me calo agora, e só penso, podem pensar o que for, que aprisionam e curam todo mau que não conhecem, na verdade, só preciso de amor, e mais nada, espero aqui, minha mente espera, meu coração a acompanha.
Termino por dizer, minha mente se aprisiona neste corpo, mas meu coração se liberta no universo. E claro, se o universo conspira a favor do que vale cada sabor da vida, meu amor, libertará minha mente.