O que se pensa não se vende
Tantas bocas e mãos, tantas palavras e gestos, tantas pessoas. Pessoas sempre falam, sempre. Nasceram para falar, somos animais sociais e inúteis. Nada fazemos a não ser relatar o ocorrido, não temos a menor atitude em mudar, apenas, relatamos. E o mais interessante, são raros os relatos anteriormente feitos lidos pelo presente. Somos um ciclo de informações invalidas e incoerentes a qualquer realidade não abstrata ou elaborada em nossas vidas. Um homem pode viver sua vida mediocremente sem perceber no nascimento a sua morte, gerar prole e produzir capital, sem despertar o mínimo consciente sobre sua real motivação de vida, ela mesma. Criamos necessidades, roupas, carros, dinheiro, sustentamos tanto trabalho em troca de tudo aquilo que pensamos não ter, na verdade, a liberdade é tão barata que temos vergonha de pega-la na esquina gratuitamente, e buscamos sem sentido travesti-la em algo caro e de difícil acesso, pura hipocrisia. Tudo o que se entende e compreende não se fala, se sente, tudo o que se fala, na maioria das vezes a maioria do homens são ignorantes a suas especialidades regradas a alguns livros e conhecimento restrito a poucas ou muitas pesquisas em valores pesquisados já anteriormente, ou seja, a maioria das nossas informações são apenas palavras recicladas e recontadas por outro e mais outros, imaginem, onde afinal esta a verdade, ou neutro, o inicio, quem falou primeiro, quem pensou, são raros, os que pensam não contam e perpetuam em celebres eventos e acontecimentos, dizem por ai, nos bares, nos cantos e nos recantos, apenas, dizem, sem saber porque também. Mas dizem, despejam sua percepção ao mundo junto a tragada do cigarro e do álcool. Tenho por conhecimento próprio, uma vez na visão, sempre na visão, uma vez destacado o mórbido e seco entendimento cotidiano da alma, sempre assim, não posso voltar a ser alguém normal após perceber, e sentir, não há como, não há retorno, um caminho sem volta para todos os outros caminhos, poderia dizer que é o único caminho, o pensar, o perceber, o sentir, o falar apenas, e dividir no trago o que se vê por ai, o que se sabe sem saber por quê e só. Sim, minha boca entre tantas diz menos, minhas palavras disparam ao vácuo e acertam sua mente sem perceber, meus gestos quietos e ativos, fortes, mudam o ambiente. Louco, diferente ou incompreendido, marginal a sociedade, tantas são as explicações que na verdade não me convencem, eu sou apenas, mais um homem, que tenta pensar, compreender, e ver as pessoas de um ponto de vista que destaca o comportamento individual da massa para justificar o mesmo no seu contexto geral novamente, em resumo, o ser humano é um tédio, repete e copia dia a dia o que se passa, não muda e não busca, somos o superficial de toda pele, poeira fina que cobre o universo de encanto que basta suar um pouco para entender que ali se há muita coisa a fazer e a pensar.