Vou dizer
Dizer tudo sem medir o tamanho do estrago, apenas esvaziar minha mente insana em todos ouvidos, dizer o amor, o ódio, deixar de ir, e ir deixando o que poderia ser, dizer tudo, encher os vasos em todas as salas, não deixar espera alguma, não postergar, não protelar, falar e falar, sussurrar, gritar, contar, prosear, fazer do resto minha poética, do não dito, meu canto, olhar nos olhos que não mais enxergaria, olhar além e ir depois disso ainda. Do monossilábico ao texto inteiro dito, redito e escrito, falado, discutido e reavaliado, tudo dentro do que ainda não havia dito a todos. Simples, não quis mais saber de tudo, quis saber de mim, troquei o silencio pela palavra, a palavra pelo dizer, e disse. De tudo que pensei, só uma coisa ficou dentro de mim, o vazio e o vácuo, o silencio do pós dito, o sabor do retruco, do dito pelo não dito mas agora dito e pronto. Esperei ali, novas palavras, novos testos, pensamentos, sem salas, sem visitas, simples e notório a mim mesmo, poderia ser verdade ou apenas em tantas historias, mais uma ilusão. Tanto faz e tanto se fez, tudo o que se pode dizer ainda sim não vai nos fazer ouvir o quanto e tudo o que gostaríamos de ouvir, sentimentos não são trocados por igualdade, palavras são sortidas, e vem de acordo com a ilusão nos olhos de quem acredita e ouve, fala, ou se cala e fecha os olhos e deixa acontecer, que seja, já disse e não vou mais divagar sobre este silencio, que busca preencher na falta de tudo que poderia dizer, as lacunas do obvio, apenas.