Não digo o que penso
O que eu disse e o que eu quero são vertentes opostas de querer, quero te amar e digo que te odeio, quero ficar e digo que vou, a quem digo fico, vou sair pela porta e ali não volto mais.
Tudo o que sei e compreendo é o oposto do que digo entender, sou muitos em mim, sou amores, sabores, corredores sem fim, sou labirinto e jamais digo tudo o que sinto.
Não se perca em mim, já estou nesta condição, sou labirinto e não sei de minhas saídas, não quero assim, em cada resposta há uma intenção, em cada saída existe o fim, não quero o fim.
Embaralho meus pensamentos, variando minhas variações e fazendo tantos e muitos pensamentos serem complexos e diversos, embalando tudo como dois peixes no saquinho da feira, quem sabe quantos oceanos já percorreram, quem se importa em qual aquário vão morrer. Todos passam e assim vai ser sempre, não sabem onde vão, como passam, mas estão indo, e assim, quero todos fora de mim, não deixo que se percam mais, ao menos, dentro de mim.
Se é quem deve ser, não pergunte, não bata na porta, entre, fique, me de as mãos, o silêncio vai nos dizer tanto o quanto precisamos ouvir. Não teremos medo nem ficaremos mais inseguros, na condição de perdidos, vamos nos perder juntos, não precisamos ir a lugar algum, basta que onde for, cheguemos juntos. Ainda sou labirinto, e se entrar em mim, e não procurar mais saidas, não preciso dizer, vai saber tudo, tudo, tudo o que sinto.