Canto Litúrgico Mariano
TROPÁRIO
A ti, Maria, como ao general invencível,
os meus cantos de vitória!
A ti, que me livraste dos meus males,
ofereço os meus cantos de reconhecimento!
Pois que tens uma força invencível,
livra-me de toda a espécie de perigos,
a fim de que te aclame:
Avé, Virgem e Esposa!
Parte Histórica
Episodios Evangélicos
I Estação:
«O Anúncio do Anjo Gabriel»
O mais sublime dos anjos
foi enviado dos céus
para dizer «Avé» á Mãe de Deus.
Vendo-te, Senhor, feito homem
á sua angélica saudação,
deteve-se extasiado diante da Virgem,
aclamando-a assim:
Avé, por ti resplandece a alegria!
Avé, por ti a maldição toda cessa!
Avé, reergues o Adão decaído!
Avé, tu estancas as lágrimas de Eva!
Avé, mistério que excede o intelecto humano!
Avé, insondável abismo aos olhares dos anjos!
Avé, porque és o trono do Rei soberano!
Avé, porque tu governas quem tudo governa!
Avé, ó estrela que o sol anuncias!
Avé, no teu seio é que Deus se fez carne!
Avé, por quem a criação se renova!
Avé, o Criador fez-se em ti criancinha!
Avé, Virgem e Esposa!
Antífona I
Sabendo Maria de ser a Deus consagrada,
assim a Gabriel dizia:
«A tua mensagem é misteriosa aos meus ouvidos
e incompreensível ressoa a minha alma.
De uma Virgem um parto tu anuncias», exclamando:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria e o Anúncio do Anjo»
Desejava a Virgem entender o mistério,
e ao divino mensageiro pergunta:
«Poderá uma virgem dar á luz um menino?
– Diz-me!». Com reverência,
o Anjo respondia, cantando assim:
Avé, mistério, vontade inefável!
Avé, ó fé maturada em silêncio!
Avé, prelúdio dos faustos de Cristo!
Avé, sumário do santo Evangelho!
Avé, ó escada sublime por quem Deus nos veio!
Avé, ó ponte que os hímens para o céu encaminha!
Avé, dos Anjos tu és a maravilha gloriosa!
Avé, do inferno derrota total contundente!
Avé, que a Luz por mistério geraste!
Avé, que o «modo» a ninguém ensinaste!
Avé, transcendes a ciência dos sábios!
Avé, iluminas todos os crentes!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona II:
A virtude do Altíssimo
a cobriu com sua sombra
e tornou Mãe a Virgem sem núpcias:
o seio por Deus fecundado
tornou-se campo abundante
para todos aqueles que buscam a salvação
e assim aclamam:
Aleluia! (3 vezes)
«Visita de Maria a sua prima Santa Isabel»
Tendo no seu seio o Senhor,
solícita Maria
visitava sua prima Isabel.
O menino no ventre materno,
ouvindo a saudação, exultou,
e, saltando de alegria,
á Mãe de Deus aclamava:
Avé, ó ramo de planta incorrupta!
Avé, do fruto imortal, colheita!
Avé, cultora do Mestre dos homens!
Avé, ó Mãe de quem nos deu a vida!
Avé, ó campo veraz que produz muitos frutos!
Avé, ó mesa bem farta de perdões abundantes!
Avé, tu fazes florir as planícies celestes!
Avé, a nós todos preparas um porto seguro!
Avé, ó incenso das preces aceites!
Avé, purificação do universo!
Avé, bondade de Deus pelos homens!
Avé, ante Deus, dos mortais és audácia!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona III
Com o coração tumultuando
e cheio de dúvidas,
o prudente José se debatia.
Sabe que és Virgem intacta
e suspeita secretos esponsais.
Conhecendo-te Mãe
pela acção do Espírito Santo, exclama:
Aleluia! (3 vezes)
II Estação:
«O Anúncio Alegre aos Pastores»
Os pastores ouviram os coros dos anjos
que cantavam ao Senhor feito homem.
Correndo, vão ver o Pastor.
Contemplam o Cordeiro inocente
alimentando-se do seio materno
e á Virgem entoam um canto:
Avé, ó mãe do Pastor e Cordeiro,
Avé, és aprisco da Mística Ovelha,
Avé, preservas do oculto inimigo,
Avé, ó chave das portas celestes.
Avé, por ti congratula-se o céu com a terra,
Avé, por ti, terra e céu, em uníssono cantam,
Avé, do apóstolo, boca jamais silenciosa,
Avé, invencível coragem dos mártires todos.
Avé, da fé inabalável baluarte,
Avé, da graça, fulgente estandarte,
Avé, por ti foi o inferno espoliado,
Avé, nos tens revestido de glória.
Avé, Virgem e esposa!
Antifona IV
Observando a estrela
que a Deus os guiava,
os magos seguiram o seu fulgor.
Era a lâmpada segura no seu caminho,
que os conduziu ao Rei poderoso.
Chegados ao Deus inatingível,
o aclamam felizes:
Aleluia! (3 vezes)
«A Adoração dos Magos»
Contemplaram os magos, no colo materno,
Aquele que plasmou o homem nas suas mãos.
Compreenderam ser ele o seu Senhor,
escondido sob o aspecto de servo.
Solícitos, oferecem-lhe os seus dons
e à Mãe aclamam:
Avé, que a estrela perene geraste!
Avé, és a aurora do místico dia!
Avé, que a forja do engano extinguistes!
Avé, o mistério de Deus iluminas!
Avé, o tirano inimigo dos homens destronas!
Avé, que o Cristo, mostraste Senhor nosso amigo!
Avé, resgatas do culto selvagem aos deuses!
Avé, os teus filhos libertas do ataque do mal!
Avé, que o culto do fogo extinguistes!
Avé, que aplacas o fogo dos vícios!
Avé, que educas o crente a ser casto!
Avé, alegria de todos os povos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona V
Mensageiros de Deus
tornaram-se os magos
de volta para as suas terras.
Cumpriu-se o antigo oráculo
quando a todos falavam de Cristo,
sem pensar no estulto Herodes,
incapaz de cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«Fuga para o Egipto»
Egipto tu iluminas
com o resplendor da verdade,
afugentando as trevas do erro.
Á tua passagem os ídolos caíam
não podendo te suportar, Senhor.
E os homens, libertados do engano,
á Virgem aclamam:
Avé, reergues o gênero humano!
Avé, ruína total dos demônios!
Avé, esmagaste a potência enganosa!
Avé, que o logro dos ídolos mostras!
Avé, ó mar que afogou o faraó demoníaco!
Avé, rochedo a saciar os sedentos de vida!
Avé, coluna de fogo a guiar os errantes!
Avé, és abrigo do mundo, mais amplo que as nuvens!
Avé, o maná verdadeiro nos deste!
Avé, nos serves delícias sagradas!
Avé, ó terra por Deus prometida!
Avé, ó fonte do mel e do leite!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VI
Simeão, o velho,
já no fim dos seus dias,
estava para deixar a sombra deste mundo.
A ele foste apresentado como Menino,
mas, vendo-te qual Deus poderoso,
admirou o arcano desígnio e exclamava:
Aleluia! (3 vezes)
Parte Dogmática:
«Os mistérios da fé»
III Estação:
«A Virgindade Fecunda de Maria»
Renovou o Excelso
as leis deste mundo
quando veio habitar entre nós.
Germinado no seio de uma Virgem,
conserva-o intacto como sempre o fôra.
Nós, admirados por este prodígio,
á Virgem santa cantamos:
Avé, ó flor da total virgindade!
Avé, protótipo da castidade!
Avé, da ressurreição, claro emblema!
Avé, que a vida dos Anjos revelas!
Avé, frutífera planta, alimento do crentes!
Avé, ó árvore umbrosa que abrigas a muitos!
Avé, o teu seio carrega o mentor dos errantes!
Avé, que á luz deste o libertador dos cativos!
Avé, que o justo Juiz nos abrandas!
Avé, perdão do relapso e contrito!
Avé, coragem dos desesperados!
Avé, és o amor que preenche os desejos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VII
Contemplando o parto milagroso,
e afastados do mundo,
dirigimos a mente para o céu.
O Altíssimo apareceu entre nós
no humilde aspecto humano de um pobre
e eleva ao mais alto da glória
aqueles que cantam:
Aleluia! (3 vezes)
«A Maternidade Divina de Maria para a nossa Salvação»
A Palavra de Deus infinito
habitava na terra
e enchia os céus.
Sua descida amorosa até ao homem
não fez mudar sua suprema morada.
Era o divino parto da Virgem
que ele ouvia cantar:
Avé, morada do Deus infinito!
Avé, ó porta do augusto mistério!
Avé, mensagem que inquieta os descrentes!
Avé, ufania e segurança dos crentes!
Avé, veículo santo do Altíssimo Filho!
Avé, mansão gloriosa do Verbo encarnado!
Avé, da virgem e mãe as grandezas reúnes!
Avé, os contrários a um fim tão igual consorcias!
Avé, o pecado de Adão dissolveste!
Avé, por ti foi o céu reaberto!
Avé, ó chave do reino de Cristo!
Avé, esperança dos bens sempiternos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VIII
Toda a multidão dos anjos,
admirada, contempla
o mistério de Deus encarnado.
Ao senhor inacessível,
feito homem, admira-o, acessível,
caminhar pelas sendas humanas,
ouvindo cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«O Mistério do Parto Virginal de Maria»
Os eloqüentes oradores,
como peixes emudecem
diante de ti, santa Mãe do Verbo.
Não compreendem como foi possível
permanecer Virgem depois de ser Mãe.
Nós, teus devotos, o prodígio admiramos
e com fé proclamamos:
Avé, sacrário da ciência divina
Avé, tesouro da fiel providência
Avé, os sapientes afirmas ignaros
Avé, os loquazes revelas vazios.
Avé, convences de inane a astuciosa palavra
Avé, que tornas sem nexo os criadores dos mitos
Avé, os astutos sofismas dos gregos desfazes
Avé, replenas as redes dos bons pescadores.
Avé, nos livras da imensa ignorância
Avé, iluminas inúmeras mentes
Avé, batel dos que querem salvar-se
Avé, ó porto dos nautas da vida.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona IX
Para salvar o mundo,
o Criador de todas as coisas
quis vir a ele.
Sendo Deus, tornou-se nosso Pastor
e apareceu entre nós como Cordeiro.
Sendo homem, atrai a si os homens
e como Deus ouve cantar:
Aleluia! (3 vezes)
IV Estação:
«Maria: Modelo de Pureza e Santidade»
Ó Virgem, Mãe de Cristo,
vindo morar no teu seio,
o divino Criador te fez
o baluarte das virgens
e de quantos a ti recorrem.
Ele nos convida a cantar
em tua honra, ó Ilibada:
Avé, pilar da integral virgindade!
Avé, ó porta de quem quer salvar-se!
Avé, ó mestra das coisas sagradas!
Avé, doadora da Graça Divina!
Avé, dá a vida nova aos nascidos na culpa!
Avé, instrutora das mentes que estavam dispersas!
Avé, tu expulsas aqueles que a mente corrompe!
Avé, ó Mãe de Jesus, semeador de almas castas.
Avé, ó tálamo em núpcias virgíneas
Avé, que os crentes com Deus concilias
Avé, ideal pedagoga das virgens
Avé, que os santos recobres de bênçãos.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona X
É sempre inferior o canto
que presuma engrandecer
as tuas inúmeras virtudes.
Tantos como é a areia da praia
podem ser os nossos hinos, ó Rei Santo,
porém, nunca alcançariam as graças
que destes a quem canta:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria, Mãe de Quem Nasce a Igreja»
Como tocha luminosa
a iluminar os que jazem nas trevas,
resplandece a Virgem Maria.
Foi ela que acendeu a Luz eterna.
Seu fulgor ilumina as mentes
e é guia para a sabedoria divina,
inspirando este canto:
Avé, do místico sol o lampejo!
Avé, ó astro da flama perene!
Avé, ó clarão que iluminas as almas!
Avé, trovão a assustar o inimigo.
Avé, tu fazes luzir esplendor fulgurante!
Avé, transbordas o rio com mil afluentes!
Avé, figura das águas do santo baptismo!
Avé, tu lavas as manchas dos nossos pecados.
Avé, lavacro que iliba a consciência!
Avé, ó taça que infunde alegria!
Avé, o perfume de Cristo recendes!
Avé, ó vida do sacro banquete.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona XI
Querendo nos perdoar o primeiro pecado,
Aquele que paga as dívidas de todos
busca asilo no meio dos seus trânsfugas,
exilando-se livremente do céu.
Rasgando o antigo rescrito,
ouve cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria, Protetora e Auxílio de Todos os Cristãos»
Glorificando o teu parto,
todo o universo te louva
qual tabernáculo vivente, ó Senhora.
Colocando a sua morada no teu seio
Aquele que segura tudo na sua mão,
o Senhor, te fez santa e gloriosa,
e nos convida a te louvar:
Avé, ó casa de Deus e do Verbo!
Avé, ó santa mais santa que os santos!
Avé, no espírito, arca dourada!
Avé, infinito tesouro de vida.
Avé, precioso diadema dos reis piedosos!
Avé, louvor glorioso dos pios sacerdotes!
Avé, ó torre inconcussa da Igreja de Cristo!
Avé, tu és o baluarte invencível do império.
Avé, troféus por ti conquistados!
Avé, por ti o inimigo é vencido!
Avé, remédio do corpo doente!
Avé, tu és a salvação da minha alma!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona XII
Digna de todo louvor,
Santa Mãe do Verbo,
Santíssimo entre todos os Santos,
recebe, neste canto, a nossa oferta.
Salva o mundo de todos os perigos;
de todos os males e dos castigos futuros
livra-nos, a nós que cantamos:
Aleluia! (3 vezes)
E repete-se novamente o tropário:
Tropário
A ti Maria, como ao general invencível,
os meus cantos de vitória.
A ti, que me livraste dos meus males,
ofereço os meus cantos de reconhecimento.
Pois que tens uma força invencível,
livra-me de toda espécie de perigos,
a fim de que te aclame:
Aleluia! (3 vezes)
*Hino Akathistos (que literalmente significa «estando de pé», porque se canta nesta posição) é o hino mariano mais famoso do Oriente cristão e, possivelmente, de toda a Igreja.
Composto originalmente em grego no final do século V, é de autor desconhecido. Sua autoria é atribuída a diversos personagens, porém na há nenhuma prova concludente e possivelmente, seja melhor assim.
Como disse um comentarista moderno, «é melhor que o hino seja anônimo. Assim é de todos porque é da Igreja».
Efetivamente, desde princípios do século VI a Igreja bizantina o incluiu em sua liturgia como a expressão mais alta do culto à Santíssima Virgem, e o canta em muitas ocasiões, de modo especialmente solene no sábado da 5ª semana da Quaresma.
A estrutura métrica do texto original é de uma suma perfeição, de difícil tradução para outras línguas. As 24 estrofes que o compõem (umas mais longas, outras mais breves, alternadamente) se distribuem por igual em duas partes: uma evangélica e outra dogmática. A primeira parte representa a narração evangélica em uma série de quadros que vão desde a Anunciação de Maria até o Encontro de Maria com Simeão no templo de Jerusalém. A segunda parte expõe os principais artigos da fé mariana da Igreja: virgindade perpétua, maternidade divina, medianeira das graças celestiais.
O Hino Akathistos é comum a todos os cristãos de rito bizantino, ortodoxos e católicos. Constitui pois, uma antiga e solene ponte para a plena comunhão entre a Igreja do Oriente e do Ocidente.
TROPÁRIO
A ti, Maria, como ao general invencível,
os meus cantos de vitória!
A ti, que me livraste dos meus males,
ofereço os meus cantos de reconhecimento!
Pois que tens uma força invencível,
livra-me de toda a espécie de perigos,
a fim de que te aclame:
Avé, Virgem e Esposa!
Parte Histórica
Episodios Evangélicos
I Estação:
«O Anúncio do Anjo Gabriel»
O mais sublime dos anjos
foi enviado dos céus
para dizer «Avé» á Mãe de Deus.
Vendo-te, Senhor, feito homem
á sua angélica saudação,
deteve-se extasiado diante da Virgem,
aclamando-a assim:
Avé, por ti resplandece a alegria!
Avé, por ti a maldição toda cessa!
Avé, reergues o Adão decaído!
Avé, tu estancas as lágrimas de Eva!
Avé, mistério que excede o intelecto humano!
Avé, insondável abismo aos olhares dos anjos!
Avé, porque és o trono do Rei soberano!
Avé, porque tu governas quem tudo governa!
Avé, ó estrela que o sol anuncias!
Avé, no teu seio é que Deus se fez carne!
Avé, por quem a criação se renova!
Avé, o Criador fez-se em ti criancinha!
Avé, Virgem e Esposa!
Antífona I
Sabendo Maria de ser a Deus consagrada,
assim a Gabriel dizia:
«A tua mensagem é misteriosa aos meus ouvidos
e incompreensível ressoa a minha alma.
De uma Virgem um parto tu anuncias», exclamando:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria e o Anúncio do Anjo»
Desejava a Virgem entender o mistério,
e ao divino mensageiro pergunta:
«Poderá uma virgem dar á luz um menino?
– Diz-me!». Com reverência,
o Anjo respondia, cantando assim:
Avé, mistério, vontade inefável!
Avé, ó fé maturada em silêncio!
Avé, prelúdio dos faustos de Cristo!
Avé, sumário do santo Evangelho!
Avé, ó escada sublime por quem Deus nos veio!
Avé, ó ponte que os hímens para o céu encaminha!
Avé, dos Anjos tu és a maravilha gloriosa!
Avé, do inferno derrota total contundente!
Avé, que a Luz por mistério geraste!
Avé, que o «modo» a ninguém ensinaste!
Avé, transcendes a ciência dos sábios!
Avé, iluminas todos os crentes!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona II:
A virtude do Altíssimo
a cobriu com sua sombra
e tornou Mãe a Virgem sem núpcias:
o seio por Deus fecundado
tornou-se campo abundante
para todos aqueles que buscam a salvação
e assim aclamam:
Aleluia! (3 vezes)
«Visita de Maria a sua prima Santa Isabel»
Tendo no seu seio o Senhor,
solícita Maria
visitava sua prima Isabel.
O menino no ventre materno,
ouvindo a saudação, exultou,
e, saltando de alegria,
á Mãe de Deus aclamava:
Avé, ó ramo de planta incorrupta!
Avé, do fruto imortal, colheita!
Avé, cultora do Mestre dos homens!
Avé, ó Mãe de quem nos deu a vida!
Avé, ó campo veraz que produz muitos frutos!
Avé, ó mesa bem farta de perdões abundantes!
Avé, tu fazes florir as planícies celestes!
Avé, a nós todos preparas um porto seguro!
Avé, ó incenso das preces aceites!
Avé, purificação do universo!
Avé, bondade de Deus pelos homens!
Avé, ante Deus, dos mortais és audácia!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona III
Com o coração tumultuando
e cheio de dúvidas,
o prudente José se debatia.
Sabe que és Virgem intacta
e suspeita secretos esponsais.
Conhecendo-te Mãe
pela acção do Espírito Santo, exclama:
Aleluia! (3 vezes)
II Estação:
«O Anúncio Alegre aos Pastores»
Os pastores ouviram os coros dos anjos
que cantavam ao Senhor feito homem.
Correndo, vão ver o Pastor.
Contemplam o Cordeiro inocente
alimentando-se do seio materno
e á Virgem entoam um canto:
Avé, ó mãe do Pastor e Cordeiro,
Avé, és aprisco da Mística Ovelha,
Avé, preservas do oculto inimigo,
Avé, ó chave das portas celestes.
Avé, por ti congratula-se o céu com a terra,
Avé, por ti, terra e céu, em uníssono cantam,
Avé, do apóstolo, boca jamais silenciosa,
Avé, invencível coragem dos mártires todos.
Avé, da fé inabalável baluarte,
Avé, da graça, fulgente estandarte,
Avé, por ti foi o inferno espoliado,
Avé, nos tens revestido de glória.
Avé, Virgem e esposa!
Antifona IV
Observando a estrela
que a Deus os guiava,
os magos seguiram o seu fulgor.
Era a lâmpada segura no seu caminho,
que os conduziu ao Rei poderoso.
Chegados ao Deus inatingível,
o aclamam felizes:
Aleluia! (3 vezes)
«A Adoração dos Magos»
Contemplaram os magos, no colo materno,
Aquele que plasmou o homem nas suas mãos.
Compreenderam ser ele o seu Senhor,
escondido sob o aspecto de servo.
Solícitos, oferecem-lhe os seus dons
e à Mãe aclamam:
Avé, que a estrela perene geraste!
Avé, és a aurora do místico dia!
Avé, que a forja do engano extinguistes!
Avé, o mistério de Deus iluminas!
Avé, o tirano inimigo dos homens destronas!
Avé, que o Cristo, mostraste Senhor nosso amigo!
Avé, resgatas do culto selvagem aos deuses!
Avé, os teus filhos libertas do ataque do mal!
Avé, que o culto do fogo extinguistes!
Avé, que aplacas o fogo dos vícios!
Avé, que educas o crente a ser casto!
Avé, alegria de todos os povos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona V
Mensageiros de Deus
tornaram-se os magos
de volta para as suas terras.
Cumpriu-se o antigo oráculo
quando a todos falavam de Cristo,
sem pensar no estulto Herodes,
incapaz de cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«Fuga para o Egipto»
Egipto tu iluminas
com o resplendor da verdade,
afugentando as trevas do erro.
Á tua passagem os ídolos caíam
não podendo te suportar, Senhor.
E os homens, libertados do engano,
á Virgem aclamam:
Avé, reergues o gênero humano!
Avé, ruína total dos demônios!
Avé, esmagaste a potência enganosa!
Avé, que o logro dos ídolos mostras!
Avé, ó mar que afogou o faraó demoníaco!
Avé, rochedo a saciar os sedentos de vida!
Avé, coluna de fogo a guiar os errantes!
Avé, és abrigo do mundo, mais amplo que as nuvens!
Avé, o maná verdadeiro nos deste!
Avé, nos serves delícias sagradas!
Avé, ó terra por Deus prometida!
Avé, ó fonte do mel e do leite!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VI
Simeão, o velho,
já no fim dos seus dias,
estava para deixar a sombra deste mundo.
A ele foste apresentado como Menino,
mas, vendo-te qual Deus poderoso,
admirou o arcano desígnio e exclamava:
Aleluia! (3 vezes)
Parte Dogmática:
«Os mistérios da fé»
III Estação:
«A Virgindade Fecunda de Maria»
Renovou o Excelso
as leis deste mundo
quando veio habitar entre nós.
Germinado no seio de uma Virgem,
conserva-o intacto como sempre o fôra.
Nós, admirados por este prodígio,
á Virgem santa cantamos:
Avé, ó flor da total virgindade!
Avé, protótipo da castidade!
Avé, da ressurreição, claro emblema!
Avé, que a vida dos Anjos revelas!
Avé, frutífera planta, alimento do crentes!
Avé, ó árvore umbrosa que abrigas a muitos!
Avé, o teu seio carrega o mentor dos errantes!
Avé, que á luz deste o libertador dos cativos!
Avé, que o justo Juiz nos abrandas!
Avé, perdão do relapso e contrito!
Avé, coragem dos desesperados!
Avé, és o amor que preenche os desejos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VII
Contemplando o parto milagroso,
e afastados do mundo,
dirigimos a mente para o céu.
O Altíssimo apareceu entre nós
no humilde aspecto humano de um pobre
e eleva ao mais alto da glória
aqueles que cantam:
Aleluia! (3 vezes)
«A Maternidade Divina de Maria para a nossa Salvação»
A Palavra de Deus infinito
habitava na terra
e enchia os céus.
Sua descida amorosa até ao homem
não fez mudar sua suprema morada.
Era o divino parto da Virgem
que ele ouvia cantar:
Avé, morada do Deus infinito!
Avé, ó porta do augusto mistério!
Avé, mensagem que inquieta os descrentes!
Avé, ufania e segurança dos crentes!
Avé, veículo santo do Altíssimo Filho!
Avé, mansão gloriosa do Verbo encarnado!
Avé, da virgem e mãe as grandezas reúnes!
Avé, os contrários a um fim tão igual consorcias!
Avé, o pecado de Adão dissolveste!
Avé, por ti foi o céu reaberto!
Avé, ó chave do reino de Cristo!
Avé, esperança dos bens sempiternos!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona VIII
Toda a multidão dos anjos,
admirada, contempla
o mistério de Deus encarnado.
Ao senhor inacessível,
feito homem, admira-o, acessível,
caminhar pelas sendas humanas,
ouvindo cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«O Mistério do Parto Virginal de Maria»
Os eloqüentes oradores,
como peixes emudecem
diante de ti, santa Mãe do Verbo.
Não compreendem como foi possível
permanecer Virgem depois de ser Mãe.
Nós, teus devotos, o prodígio admiramos
e com fé proclamamos:
Avé, sacrário da ciência divina
Avé, tesouro da fiel providência
Avé, os sapientes afirmas ignaros
Avé, os loquazes revelas vazios.
Avé, convences de inane a astuciosa palavra
Avé, que tornas sem nexo os criadores dos mitos
Avé, os astutos sofismas dos gregos desfazes
Avé, replenas as redes dos bons pescadores.
Avé, nos livras da imensa ignorância
Avé, iluminas inúmeras mentes
Avé, batel dos que querem salvar-se
Avé, ó porto dos nautas da vida.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona IX
Para salvar o mundo,
o Criador de todas as coisas
quis vir a ele.
Sendo Deus, tornou-se nosso Pastor
e apareceu entre nós como Cordeiro.
Sendo homem, atrai a si os homens
e como Deus ouve cantar:
Aleluia! (3 vezes)
IV Estação:
«Maria: Modelo de Pureza e Santidade»
Ó Virgem, Mãe de Cristo,
vindo morar no teu seio,
o divino Criador te fez
o baluarte das virgens
e de quantos a ti recorrem.
Ele nos convida a cantar
em tua honra, ó Ilibada:
Avé, pilar da integral virgindade!
Avé, ó porta de quem quer salvar-se!
Avé, ó mestra das coisas sagradas!
Avé, doadora da Graça Divina!
Avé, dá a vida nova aos nascidos na culpa!
Avé, instrutora das mentes que estavam dispersas!
Avé, tu expulsas aqueles que a mente corrompe!
Avé, ó Mãe de Jesus, semeador de almas castas.
Avé, ó tálamo em núpcias virgíneas
Avé, que os crentes com Deus concilias
Avé, ideal pedagoga das virgens
Avé, que os santos recobres de bênçãos.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona X
É sempre inferior o canto
que presuma engrandecer
as tuas inúmeras virtudes.
Tantos como é a areia da praia
podem ser os nossos hinos, ó Rei Santo,
porém, nunca alcançariam as graças
que destes a quem canta:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria, Mãe de Quem Nasce a Igreja»
Como tocha luminosa
a iluminar os que jazem nas trevas,
resplandece a Virgem Maria.
Foi ela que acendeu a Luz eterna.
Seu fulgor ilumina as mentes
e é guia para a sabedoria divina,
inspirando este canto:
Avé, do místico sol o lampejo!
Avé, ó astro da flama perene!
Avé, ó clarão que iluminas as almas!
Avé, trovão a assustar o inimigo.
Avé, tu fazes luzir esplendor fulgurante!
Avé, transbordas o rio com mil afluentes!
Avé, figura das águas do santo baptismo!
Avé, tu lavas as manchas dos nossos pecados.
Avé, lavacro que iliba a consciência!
Avé, ó taça que infunde alegria!
Avé, o perfume de Cristo recendes!
Avé, ó vida do sacro banquete.
Avé, Virgem e esposa!
Antífona XI
Querendo nos perdoar o primeiro pecado,
Aquele que paga as dívidas de todos
busca asilo no meio dos seus trânsfugas,
exilando-se livremente do céu.
Rasgando o antigo rescrito,
ouve cantar:
Aleluia! (3 vezes)
«Maria, Protetora e Auxílio de Todos os Cristãos»
Glorificando o teu parto,
todo o universo te louva
qual tabernáculo vivente, ó Senhora.
Colocando a sua morada no teu seio
Aquele que segura tudo na sua mão,
o Senhor, te fez santa e gloriosa,
e nos convida a te louvar:
Avé, ó casa de Deus e do Verbo!
Avé, ó santa mais santa que os santos!
Avé, no espírito, arca dourada!
Avé, infinito tesouro de vida.
Avé, precioso diadema dos reis piedosos!
Avé, louvor glorioso dos pios sacerdotes!
Avé, ó torre inconcussa da Igreja de Cristo!
Avé, tu és o baluarte invencível do império.
Avé, troféus por ti conquistados!
Avé, por ti o inimigo é vencido!
Avé, remédio do corpo doente!
Avé, tu és a salvação da minha alma!
Avé, Virgem e esposa!
Antífona XII
Digna de todo louvor,
Santa Mãe do Verbo,
Santíssimo entre todos os Santos,
recebe, neste canto, a nossa oferta.
Salva o mundo de todos os perigos;
de todos os males e dos castigos futuros
livra-nos, a nós que cantamos:
Aleluia! (3 vezes)
E repete-se novamente o tropário:
Tropário
A ti Maria, como ao general invencível,
os meus cantos de vitória.
A ti, que me livraste dos meus males,
ofereço os meus cantos de reconhecimento.
Pois que tens uma força invencível,
livra-me de toda espécie de perigos,
a fim de que te aclame:
Aleluia! (3 vezes)
*Hino Akathistos (que literalmente significa «estando de pé», porque se canta nesta posição) é o hino mariano mais famoso do Oriente cristão e, possivelmente, de toda a Igreja.
Composto originalmente em grego no final do século V, é de autor desconhecido. Sua autoria é atribuída a diversos personagens, porém na há nenhuma prova concludente e possivelmente, seja melhor assim.
Como disse um comentarista moderno, «é melhor que o hino seja anônimo. Assim é de todos porque é da Igreja».
Efetivamente, desde princípios do século VI a Igreja bizantina o incluiu em sua liturgia como a expressão mais alta do culto à Santíssima Virgem, e o canta em muitas ocasiões, de modo especialmente solene no sábado da 5ª semana da Quaresma.
A estrutura métrica do texto original é de uma suma perfeição, de difícil tradução para outras línguas. As 24 estrofes que o compõem (umas mais longas, outras mais breves, alternadamente) se distribuem por igual em duas partes: uma evangélica e outra dogmática. A primeira parte representa a narração evangélica em uma série de quadros que vão desde a Anunciação de Maria até o Encontro de Maria com Simeão no templo de Jerusalém. A segunda parte expõe os principais artigos da fé mariana da Igreja: virgindade perpétua, maternidade divina, medianeira das graças celestiais.
O Hino Akathistos é comum a todos os cristãos de rito bizantino, ortodoxos e católicos. Constitui pois, uma antiga e solene ponte para a plena comunhão entre a Igreja do Oriente e do Ocidente.
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