Interpretação da 4ª Petição da Oração do Pai Nosso – Parte 3
 
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” – Mt 6.11
 
Tradução e adaptação realizadas pelo Pr Silvio Dutra, do original em inglês, de autoria de Thomas Watson, em domínio público, intitulado A Oração do Senhor.
 
A cobiça é um desejo irregular para se obter riquezas. É a insatisfação instalada no coração que engana o homem levando-o a buscar plena satisfação pela ilusória ideia de que será bem sucedido se for rico de bens materiais, fama ou poder.  
 
Deus requer uma sábia administração dos bens que Ele nos dá, especialmente daqueles que são destinados à manutenção da Sua casa. Não amar as riquezas não significa que se deve ter repúdio ao dinheiro. Há muitos que alegam que não querem saber de dinheiro porque vivem apenas por fé. Mas isto não é fé porque a Bíblia ensina ser fiel e cuidadoso na administração dos bens que são colocados por Deus debaixo do nosso cuidado. Nós somos Seus mordomos, especialmente os ministros do evangelho. Então devem ser sábios, zelosos, interessados e fiéis em administrar dinheiro e bens para que o nome do Senhor possa ser glorificado.
“42 E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44 Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.” (Lc 12.42-44).
Não se deve tratar de maneira romântica coisas que são reais, especialmente as relativas à administração do dinheiro necessário à nossa subsistência e de outros, especialmente das pessoas da nossa própria família.     
Nas mãos de Deus a nossa provisão, ainda que pequena, renderá, e estarmos contentes com a nossa provisão nos livrará de muitas tentações nas quais costumam cair as pessoas descontentes.
Satanás usará o descontentamento para insuflar tristeza e murmuração, e em não poucos casos, desconfiança da fidelidade de Deus em cuidar das nossas necessidades.  
 Para ficar livre de cair nestas tentações devemos bendizer a Deus pela nossa provisão, seja ela qual for, enquanto somos zelosos e fiéis em administrar de modo sábio aquilo que tem chegado às nossas mãos.  
Nós somos chamados a aprender com as formigas que fazem provisão de alimento no verão para o inverno. Isto nos ensina que devemos aprender a poupar não por motivo de avareza mas de prudência. Deus não aprova o esbanjador e em muitas passagens da Sua Palavra nos ensina a sermos criteriosos em tudo, especialmente no que diz respeito ao uso correto para a obtenção e para a aplicação do dinheiro. 
Voltamos a dizer junto com o Senhor que é importante orar pelo pão diário e não por riquezas, porque há um grande perigo, tentações e laços nas riquezas, que nos incompatibilizam com os interesses de Deus e do Seu reino.
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” (I Tim 6.9).
Uma grande prosperidade pode endurecer facilmente o coração, tal como ocorreu com o homem rico da parábola dos celeiros que Jesus nos ensinou (Lc 12.16-21). E o Senhor nos alertou quanto ao perigo que a confiança na riqueza pode trazer quanto a nos impedir de entrar no reino dos céus (Mt 19.24).
 Através do uso adequado dos bens materiais Deus nos ensina muitas lições como por exemplo a sermos moderados, sóbrios, sábios, equilibrados, satisfeitos, generosos, diligentes, misericordiosos e tantas outras virtudes que dificilmente aprenderíamos sem sermos provados na maneira como devemos buscar, administrar e aplicar os bens terrenos. Não devermos portanto fazer destes bens um fim em si mesmo, porque como temos visto não os levaremos conosco quando sairmos deste mundo, e são apenas meios pelos quais devemos comprovar o nosso amor e serviço a Deus e ao nosso próximo.  
Por isso se diz que é coisa mais bem-aventurada dar do que receber (At 20.35), porque a finalidade dos bens não é para serem acumulados para atenderem nossos desejos egoístas, mas serem usados para a glória de Deus.
Para provar a nossa fé e para glorificar o Seu nome, Deus provará a fidelidade da maior parte do Seu povo em segui-lo não lhes provendo com muitos bens materiais, de maneira que demonstrem contentamento e gratidão a Ele ainda que na pequena provisão de bens que Ele lhes prover. Isto traz grande glória ao Seu nome porque ainda que sejam provados como permitiu que acontecesse com Jó, Satanás será envergonhado e o nome de Deus louvado, quando permanecermos afirmando a Sua bondade para conosco em toda e qualquer circunstância adversa à qual não tenhamos dado ocasião por nossa própria culpa em não administrarmos os nossos bens de maneira fiel.   
Assim, se tivermos somente o pão diário para a nossa subsistência, estejamos contentes.
Lembremos que grandes posses são como uma veste longa e pesada que é difícil de ser usada. Estejamos contentes com os trajes leves com que a maioria dos cristãos estão vestidos.
“25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
32 (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mt 6.25-34).

 
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 08/02/2013
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