ORAÇÃO DO MENINO - LUZ!

Certa vez um menino - luz, antes de descer a terra, encarnado como humano,
perguntara ao Pai:
- Como é que se ama?
Ele, sem hesitar, respondeu:
- Dando aos outros, o que há de melhor em si, sobretudo aprendendo a amar-se.
Esse menino cresceu. Muitos anos depois, encontrou, num dia em que se sentia muito tristonho, com um anjo: o Anjo do Mar, aquele que guarda em si a capacidade da renovação, da modificação e da transmutação - a partir do perdão às imperfeições humanas .
Mais conhecido no meio celeste como o - Anjo das Águas - que purificam - porque compreendem.
Nenhum encontro se dá por acaso.
A tristeza do moço crescido era porque nunca havia sido feliz nos relacionamentos e todas as vezes que tentou isso não deu certo; se sentia vazio, traído, desesperançado, sem coragem de ser e fazer feliz, fechado para a capacidade viver - afeto - abastecedor.
Passou um longo tempo a colocar em suas companheiras a responsabilidade das tristezas e das alegrias com o cristal mais lapidado e puro que o universo pode gerar: o AMOR!
Atribuindo responsabilidades à outra pessoa esquecemos o quanto é necessário amarmos a nós mesmos para sermos capazes de amar a alguém com carinho, verdade, doação, entrega e vivência do belo da vida, delicadeza, dedicação, atenção e cuidado a tal ponto, onde nada seja mais importante do que cuidarmos do amor, como jóia rara e preciosa.
Então o anjo deu uma pausa, respirou fundo, lentamente, e lembrou a ele as palavras do Pai antes mesmo de seu nascimento na terra:
- "Amar é dar ao outro o melhor que há em nós!"
E acrescentou, com semblante sereno e contemplativo:
- Mas se o melhor que há em nós fincou raízes nos medos, nas dores, nas culpas, nas faltas, nos sofrimentos, na auto-piedade, nas perdas, nas lágrimas, na dor, na falta da verdade, na palavra não honrada, na extrema dificuldade de enxergar o próximo, posto que as lacunas individuais gigantescas o tornam um egoísta nato, sem sensibilidade e lucidez, deste modo, o que terá de melhor para oferecer ao outro? E de qual melhoria estamos falando?
Se essas impossibilidades interiores fizeram do homem alguém que crê estar dando o melhor à custa da espera do outro, das expectativas criadas e geradas, das promessas não cumpridas, das palavras jogadas ao vento e das oportunidades desperdiçadas, é uma grande lástima e um grande equívoco - porque um, vai precisar sempre se sentir numa posição vantajosa, assegurado em suas necessidades e anseios, enquanto o outro, rapidamente se tornaria esvaziado por doar sem quase nada receber e, apesar de compreender, ter também suas íntimas necessidades de abastecimento e felicidade.
O amor só funciona com retroalimentação. Ninguém dá amor sem que exista alguém para receber e ninguém recebe amor se não houver alguém para dar. Amar é não esperar porque o amor faz a hora do acontecer.
Doação e entrega, navegam juntas, nas marés calmas do equilíbrio. O tesouro da fortaleza que advém das profundezas oferece pérola somente aos que buscam por merecimento.
É preciso que a humanidade descubra que o AMOR é um estado de alma sem créditos e sem débitos. Sua conta nunca é devedora porque ele se abastece da verdade em essência.
O AMOR, quando é amor, jamais diz algo que não possa cumprir, não fere, não mente, não vacila, é confiante, forte, alegre, aconchegante, parceiro, foca sua atenção no bem por toda a humanidade, mas centraliza o abastecimento de sua energia no ser amado com quem resolveu desfrutar as dádivas da vida e fazê-lo fonte cristalina de suas realizações.
Não sejamos egoístas e indelicados com aqueles que amamos, é chegado o tempo da transmutação onde o amor e a dor já não combinam, porque o amor é alimentado pela alegria e nutrido pela presença que se importa, pela segurança e certeza dos dois, quando resolvem ser um.
E ser um é uma tarefa, um aprendizado que requer: escolha, renúncia, modificação de atitude, amadurecimento e, sobretudo, desapego daquilo que é individual.
Enquanto essa compreensão não for estabelecida será muito difícil, com alguém, caminhar lado a lado, isso é pensamento desgarrado, de quem só serve para viver separado, porque não sabe ser amado, e sendo assim, como se diz amar?
Com os olhos marejados, o anjo derramou algumas lágrimas, continuando sua reflexão:
- Talvez eu ainda não tenha feito muito bem o meu papel, ao ser colocado na tua vida como amigo - guardião, aguardo, então, nos céus dessa vida, o tempo, finalmente, da tua transmutação, por hora, sempre que for ao mar, lembre-se de mim, sinta calma, mergulha fundo e lava a alma. Vibro por ti, acalma...
Anjo das Águas – purifica porque compreende.
Mas até mesmo um anjo-protetor, precisa do livre arbítrio do seu protegido, para poder atuar em LUZ! Chama-me para perto de ti e eu estarei, sou teu anjo da guarda. Amém! 



Vera Fracaroli
Enviado por Vera Fracaroli em 19/09/2008
Reeditado em 18/05/2009
Código do texto: T1185465
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