A MELHOR COMPANHIA - CAPÍTULO 07 - Um Disparo...

Passado algum tempo, o clima ficara tenso, estava frio, a luminosidade fraca, havia uma neblina invadindo o ambiente dificultando ainda mais a percepção do que eu tentava entender, mas ainda assim tudo era tão óbvio. Ella, naquela hora da noite ali em uma cena de festa. No salão todos a observavam, o vestido vermelho colado caia como uma segunda pele em um corpo de violino onde quem a admirava pensava em extrair som e harmonia, nisso Ella olha para um homem e ele a puxa em sua direção. Tentei ser discreto para não chamar a atenção e em um movimento instintivo e firme puxei minha máquina buscando uma visão limpa e clara mirando em seus olhos e dei um disparo iniciando o estouro... Depois vários disparos... Gritos... Enfim... Aplausos... Bravo, bravo, fim do espetáculo teatral. Os atores se curvavam agradecendo ao público, enquanto de modo incessante disparava flash com minha máquina fotográfica profissional. O público invade o palco enquanto continuo fotografando mais um grande sucesso da grande atriz, diretora e produtora.

O dia do espetáculo sempre é propício ao clima de tensão, pois cada espetáculo dá esse frio viciante na barriga. Cada um de nós contribuindo de acordo com aquilo que faz melhor. Já nesta etapa cuidei do som, da luz, do gelo seco, do clima de um modo geral, mas o que eu mais gostava era de fotografar em teatro pelo desafio. Desafio de controlar a luz utilizando diafragma, ISO e obturador. Obter uma boa foto de quem se ama em seu grande momento sob condições de baixa luminosidade é um desafio gostoso cuja recompensa é ver a sua amada com o mais belo sorriso eternizado fazendo o que gosta. E assim me sentia em um casamento perfeito.

Uma noite gloriosa assemelhada ao tranquilo nado de um cisne, onde se observa seu autocontrole inabalável sem nos darmos conta do esforço deste bípede, abaixo da linha d’água, dando movimento e direção. Quem vê um belo espetáculo vê o produto, não o processo; vê o glamour, não o esforço. Eu a via todos os dias, desde sempre, e fui companheiro e testemunha ocular de uma trajetória.

Eu sabia quando surgia uma inspiração para uma nova peça de teatro. Seus olhos brilhavam e eu já perguntava no que estava pensando. Houve vezes que Ella me acordava de madrugada pedindo que eu alimentasse suas ideias. Bem, quem eu sou no ramo da arte, sou plateia, contrarregra, Fan número um. Fan do seu sorriso, e pelo degradê do seu sorriso interpretava o que mais lhe agradava, utilizando sempre a ACP, deste modo participava das etapas criativas desde a escolha do figurino, cor, brilho, corte, escolha e edição de música, coreografia, textos. Eu não entendia nada, mas a ACP me ajudava a ser empático, acreditar no seu potencial de fazer dar certo e ser congruente.

Agora que fechamos um ciclo e finda o compromisso teatral do período lembrei do dia em que cuidei do aquário, puxa já faz algumas semanas isso, neste dia Ella disse “semana que vem iremos a praia”. Fico feliz, agora poderei puxar o assunto sem atrapalhar o seu trabalho.

Shahriyar Tahan
Enviado por Shahriyar Tahan em 09/02/2024
Reeditado em 27/02/2024
Código do texto: T7995673
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