14 — Esperar
Flash Back
— Papai, papai, olha só o tamanho do peixe que eu pesquei. E vinha minha princesinha com sua micro-tilápia toda orgulhosa...
— Nossa Lara esse é o maior peixão deste lago... Mamãe, mamãe olha.
— Que lindo seu peixe Lara.
E corria toda serelepe nossa querida Lara com seus sete anos de idade...
— Papai, papai, você coloca a isca pra mim...
— Não querida coloque você... É papai, é que eu não gosto muito deste bichinho que tenho que colocar no anzol... Aí, machuquei meu dedo. Vejo minha pequena com sangue no dedo.
— Calma lindinha do papai, a mãe dá um jeito... E veio a dona Neide com um remedinho fez toda a assepsia e de novo Lara lançando a linha na água queria pegar o maior peixe daquele Lago.
— Papai, papai, algum dia eu vou ser mãe igual a mamãe?
— Sim querida, algum dia bem lá na frente, você vai encontrar um moço, você vai amar ele, e casar-se-á com ele, e aí sim você terá um bebezinho, e você vai dizer a ele filhinho eu te amo...
Flash Black
Olhava na minha frente, a minha menina, e estava sangrando, tal qual aquele dia que pescávamos no lago, mas minha pequena, sim o meu bebê. Estava grávida... Grávida? Grávida! Mas não ela estava perdendo o seu filhinho, aquela poça de sangue estava levando o meu netinho....
— Filha, filha aguenta firme filha, e olhei para ela estava desmaiando: — Grávida? Quem disse isto foi a melhor amiga dela. Minha esposa agiu, ligou para o bombeiro e três minutos depois estava como que anestesiado, a Lorena só gritava.
— Meu Deus, eu pressionei ela, Meu Deus, não minha amiga, não... E chorava, e gritava desesperada. Os bombeiros entraram colocaram ela na maca.
— Você é o responsável por ela? Venha na frente, precisaremos de você para agilizar os papéis.
— Você e você, apontava uma bombeira mulher, se agirem com tranquilidade e silêncio, poderão acompanhar até o hospital, rápido, cada segundo daqui em diante serão determinantes para a vida desta criança...
No hospital, fiquei horas e horas na frente da sala de espera, Lorena e a Neide só choravam, eu estranhamente fiquei sério e calado. Não consigo absorver essa informação:
— Minha filha grávida? Quem será o pai. Aquele Thomaz? Mas como se ela pregou tão lindamente, sobre esperar, a poucos dias, disse que a jovem deve se guardar ao seu futuro marido entre outras coisas?!
E veio uma enfermeira... Ela disse:
— Realmente a menina está grávida tudo indica que já está de um mês e meio.
— Um mês e meio.
— Sim, sinto, mas vou ter que voltar o caso dela é grave...
— Neide, nossa filha grávida em casa e nem percebemos?
— Amor, falava soluçando eu pensava que o comportamento dela estava alterado por causa do termino do namoro... Ela ficava quase todo o tempo trancada naquele quarto... Nunca imaginei que...
Nunca imaginei que ouviria uma notícia desta, sempre imaginava Lara vindo contar essa novidade casada com seu esposo, num churrasco de domingo.
— Não, não, por que está acontecendo isto comigo? Sempre a ensinei nos preceitos do Senhor, se ela se relacionou com alguém e está grávida, é sinal que tudo o que fiz não surtiu efeito.
— Não pense assim amor, pense que o nosso netinho está ali dentro lutando pela vida...
— Lorena como foi? conte-nos tudo o que sabe...
Dona Neide, estou me sentindo muito mal, forcei a barra com a sua filha, agora ela está dentro desta sala passando muito mal pela minha precipitação.
O pai da Lara falava em tom autoritário.
— O que foi feito, não se volta atrás, conte-nos tudo o que você sabe que está ocorrendo com a nossa filha para podermos ajuda-la. Neste momento o Pastor lembrou:
— Minha votação, minha presidência, tudo arruinado. Um escândalo dentro da minha casa.
— A propósito Lorena, alguém mais sabe desta gravidez?
— Não pastor, somente eu e a Lara sabíamos, nem mesmo o Thomaz sabe. E Lorena contou tudo o que sabia, sobre o termino do namoro, sobre o desprezo e sobre a mãe do Thomaz estar maltratando a Lara. E a parte mais difícil.
— Ela me procurou essa manhã e pediu para acompanhar ela em uma consulta pré-natal.
E disse a dona Neide:
— Pelo menos ela pensou na criança, o pré-natal é extremamente importante no início de uma gravidez.
Desculpe Pastor e Dona Neide, mas meu coração pede pra contar...
— Pede pra contar o que querida?
— A Lara queria retirar o filho...
— Meu Deus! Disse dona Neide, o pai da Lara foi mais cauteloso escutando o que a Lorena iria dizer...
— E foi antes de vir para a sua casa. O pai de Lara indagava:
— E como você concordou?
Lorena contou toda a história, a fuga, a oração, a angustia e a ajuda...
Dona Neide e o pastor estavam perplexos escutavam mas não conseguiam assimilar a informação.
E apareceu o médico, com a enfermeira.
— Você é o pai, e a mãe da Lara?
— Sim somos.
— E ela? apontando para Lorena... Amiga íntima da família. Respondeu Dona Neide.
— Gostaria de falar somente com os pais, você poderia aguardar um pouco do lado de fora.
— S-i-m, disse Lorena retornando a chorar, imaginando o pior...
Uma notícia
Aquele doutor, com sua roupa verde, e com aquele monitor cardíaco envolto ao seu pescoço veio ao nosso encontro. Minha filha, minha pequena, agora uma mulher, já era mãe pois uma criança estava dentro do seu corpo, essa criança tão frágil e indefesa dentro da sala do hospital ao lado. Minha pequena Lara, agora tudo faz sentido, as vertigens, as dores de cabeça, e a vez que saiu correndo no meio da jantar, e eu não entendia nada. Pensava que ela estava abalada pelo final do seu namoro. E o cochichos com a Lorena pra lá e pra cá, e as vezes que cortavam a conversa no meio. Eu sempre orava por ela. Todos os dias orava pela minha filha sabia que algo de estranho estava ocorrendo. Nem na igreja ela estava indo, e nem com a Lorena não queria sair.
Pensava: — Como a Lara está abatida, como um amor pode fazer isto? E o tempo não passava. Já se passaram um mês do termino do namoro, e ela continuava estranha, até uma vez ela se trancou no banheiro e demorou, muito tempo por lá. Os sinais estavam na minha frente e eu não prestava atenção.
— Dona Neide, desculpe-me pelo que fiz, eu provoquei tudo isto. Falava Lorena que impaciente ficava dando círculos naquela sala, olhando para baixo, para ela era mais real tudo, pois ela sabia que Lara estava sofrendo... Minha filha, seria vó. Mas ela sempre soube que somos evangélicos, e vivemos nos preceitos Cristãos, mas mesmo que não fossemos, um filho, é algo que consolida um amor, um casamento, é algo natural de um relacionamento, sempre disse isto a Ela.
— Lorena, você é amiga, mas não é responsável pelos atos da Lara, tudo na vida há consequência, sejam boas, sejam más, Lara fez as suas escolhas. E chorava, mas o inocente não tem culpa.
— Você e você o que são da Lara? Ela é a mãe, e eu sou uma amiga íntima. O médico com um tom apreensível disse:
— Você se importa de esperar na sala ao lado. Gostaria de falar somente com os pais sobre o estado de saúde da filha deles.
E a Lorena foi, cabisbaixa, se culpava do estado de saúde da amiga.
E só nós três, olhava para aquele médico, os segundos que ele lia e assinava papeis, e eu e o meu esposo esperando.... E toca o celular do meu esposo.
— Quem seria?
Ele vai atender?
Mas o médico vai falar o estado de saúde da nossa filha não acredito no que estou vendo:
— Desculpe Neide é bem rapidinho é o meu conselheiro, já volto. Agora estou sozinha com o médico.
Ele já volta? Eu preciso continuar com o meu serviço por aqui.
— Sim doutor ele já volta... E olhava o doutor, para ele era normal qual quer que fosse a notícia, aquele ar frio, faz parte da profissão, eles lidam com a vida e com a morte na mesma proporção. E o doutor continuava. A moça deu muita sorte, o atendimento foi recorde, da chamada ao internamento foram acredite 12 minutos... Mas... Bom vamos esperar seu esposo...
Posso te adiantar isto: — A menina estava vivendo um stress emocional muito grande, vocês como pais sabem disto, e o pai da criança onde está?
A dona Neide ficou super sem graça não sabia o que dizer, e depois de um tempo disse:
— Nós não sabíamos que ela estava grávida, ela estava escondendo seu estado de nós.
Entendo, você é mãe, sabe o quão importante são os primeiros meses de gravidez, vamos deixar qualquer fator moral para o lado de fora desta porta, pois aqui eu trato de saúde. E o que fizeram com essa menina foi muita crueldade com uma moça que está gravida. Não entendo doutor, crueldade, nós nunca maltratamos ela...
E chegou o pai da Lara:
— Pronto, desculpe realmente era muito importante a ligação era sobre o conselho amor. Dona Neide olhava ao esposo com olhar de reprovação, não era hora nem momento de observar outra coisa, o que era realmente importante: — A saúde da Lara e do seu filhinho.
Tenho uma boa notícia e uma má notícia. Não gosto de rodeios, quero antes de mais nada que vocês como avós e pais prestassem bem atenção. Dona Neide esboçou um sorriso. O pastor cauteloso escutava.
— A boa é que graças a Deus conseguimos salvar a criança, agradeçam a Deus pelo ótimo atendimento dos bombeiros fizeram toda a diferença. A má notícia que tivemos que sedar a menina, a paciente terá impulsos de forçar o aborto natural, ela teve um trauma muito grande recentemente, observei que ela teve um esforço e está com as mãos machucadas. Agora olhava fixamente para a Neide, a menina está grávida, precisa de cuidados extremos daqui para a frente se é que vocês queiram salvar a vida do neto de vocês.
— Não sei o que está acontecendo na família de vocês, o meu trabalho é manter a vida, e por isto a Lara ficará sedada por dois dias, sem acesso a visitas ela precisa descansar para evitar que o próprio corpo dela provoque este aborto. E você mamãe... Olhava novamente para Neide, sua filha está com anemia, você deve de se lembrar que uma mulher grávida precisa tomar vitaminas especificas, e a alimentação deve ser balanceada. Penso que essa coitada estava se alimentando muito mal. Agora Neide chorava de remorsos, pois realmente a Lara estava vivendo de pão, no quarto. Neide pensava em não se intrometer, era caso de amor mal resolvido, enganava-se por si só.
Está aqui. Deu uma receita, que o pai da Lara lia e não entendia.
— Isto é uma receita?
— Não é um encaminhamento, assim que liberarmos a menina é para ser internada e acompanhada em uma clínica especializada em casos como o dela. Escolham uma ondem vocês acharem conveniente, eu aconselharia nesta cidade, um hospital universitário, eles tratam do caso da Lara com os melhores médicos da região. O médico deu uma revista que o Pai da Lara leu, sim a cidade não lhe era estranha, ele cresceu nesta cidade, ficando apenas uma irmã por lá... O pastor pensava e raciocinava o que fazer...
— Se vocês tem interesse em salvar o neto de vocês, procurem levar ela para esta clínica, ou outra se assim o desejar, na literatura médica relata que ela terá pequenos abortos espontâneos logo após este, então: Se ela está vivendo uma situação de trauma por qualquer coisa que seja o melhor é afasta-la desta situação.
— Vocês tem dois dias para decidirem o que fazer. O meu trabalho é alertar e demonstrar a principal alternativa. Na nossa cidade não existe hospital especializado em tratamento deste tipo de caso. Logo após a sedação o ideal é que ela seja acompanhada de perto. E estão terminantemente proibidos de trazerem a paciente qualquer tipo de informação que agrave o estado de saúde dela, pois uma hemorragia pode levar à morte dela e da frágil criança. Agora com licença que o dever me chama. Brilhava uma discreta luz na escrivaninha do doutor.
O doutor saiu, e pediu para a enfermeira acompanhar os dois para a sala de espera...
O silêncio tomou conta do local. Lara sedada, e os seus pais não sabendo o que fazer, Lorena foi com muito custo dispensada pela dona Neide, o Pastor pediu para Lorena não contar a ninguém sobre a gravidez da Lara. O pai da Lara andava pra lá e pra cá estava muito apreensivo, dona Neide sentada no sofá duro e frio do hospital orava... e o tempo passava...
Todo este esforço para encobrir a gravidez, deixou Lara tensa, que acarretou numa situação extrema, e quase houve o aborto espontâneo. Como Lara irá encarar seus pais? E eles vão reagir como? Não percam os próximos capítulos...
Minha esposa Neide ficou lá no hospital com a nossa filha que dorme sedada. Já se passou um dia e ainda não acredito no que a Lorena nos contou ontem.
— Minha filha grávida?!
A vida prega cada peça na gente. E a vida continua...
E hoje será um daí bastante agitado, vou ir na escola da Lara justificar sua ausência, ainda bem que só faltam duas semanas para o termino das aulas. Como é a vida não é? Agora seria o momento da Lara decidir qual faculdade fazer, inscrever-se no vestibular, e ela está no hospital lutando para manter vivo o meu netinho.
Meu netinho, não me acostumo com essa novidade. Para ser sincero fico triste de saber que a minha filha será mãe solteira.
Ontem liguei para aquele Thomaz. Precisava ter uma conversa de homem para homem com aquele guri. Mas fiquei sabendo que ele não mora mais nesta cidade. Na escola justifiquei, a diretora disse que Lara já havia passado de ano, ela sempre gostou muito de estudar, este problema já estava resolvido.
— Agora vou passar na Igreja, afinal tenho meus compromissos como Pastor.
Na Igreja meu fiel conselheiro, o co-pastor (meu segundo) e ancião da igreja, veio e passou a minha agenda bastante atarefada por sinal. No dia haveria uma reunião entre as irmãs para decidir sobre a festa do Círculo de Oração, e fui nesta reunião, mas confesso, só de corpo presente.
— Pastor concorda com o nome deste pregador e destas duas cantoras? Olhei para o conselheiro que fez um gesto de consentimento, (ele era bom nisto) fiz um levantamento e soube que o pregador anda correto na sua igreja. Somente esta segunda cantora que não aconselho convidar. Disse o conselheiro, conversei com o pastor da congregação dela e ele me informou que ela está com suspeita de adultério.
A líder do círculo de oração olhou curiosa e repetiu a informação:
— Adultério? E o conselheiro disse: — Sim, sigilo sobre isto, convide somente a primeira cantora e o restante que seja os cantores da nossa igreja.
A mulher do Círculo de oração olhava para mim, e eu, só pensava na Lara. — Que situação, daqui a pouco seria ela na boca do povo. Como proteger a minha filha? E outra, ela não pode passar nervosismo por recomendações médicas.
E a líder do Círculo de oração indagava-me:
— Pastor o que você acha desta decisão? Respondi:
— Acha sobre o quê?
Nem prestava a atenção nas decisões que estavam sendo expostas. Parei e pedi para explicarem tudo de novo, esforçava-me para prestar atenção na reunião desta vez.
— Sim, combinado deste modo, e virão essas pessoas e a festividades serão dois dias a igreja toda terá jantar. O caixa do evento será coberta pela tesouraria do templo. Foi um decisão sem pensar muito, o conselheiro ficou me observando surpreso com a decisão, Já as irmãs ficaram radiantes de felicidade, geralmente o caixa do departamento que cobre estes custos... Estava realmente sem cabeça para reuniões, mas mantive o meu parecer, sou a autoridade máxima desta igreja.
Logo depois fomos visitar alguns irmãos eu e o meu fiel conselheiro. Também ungimos alguns doentes, e finalizei o meu dia pastoral.