Calendas
Ei-lo: O Primeiro Dia da Segunda Semana de um Ano que continua desértico, inciado com um clamor por Marcos.
Naturalmente, ainda se está no Primeiro Dia da Quinquagésima Segunda Semana do ano de Dois Mil e Vinte; de modo particular, no terceiro mês de um Vigésimo Quarto aniversário natalício, cuja angústia preparatoria é a mesma de antes, desta vez, por um outro aniversário.
Em Deus o ano já começou.
E para o comércio o Natal já chegou. Todavia ,se contasse cada semana de sua vida, para Hella, esta soaria longa, purgativa, corrida e atropelada. Como um livro, lido às pressas por conta de uma outra atividade sofrida de modo atropelado e vertiginoso.
Porém, ainda não é este o foco, algo foi retirado de seu lugar.
Ora, nada é mais injusto que um objeto usurpado de seu fim. Mesmo uma cadeira, a qual já está no seu segundo mês de exílio, nada acontecendo com ela até aqui. E embora não se saiba do futuro, a prudência exige sua devolução ou uma proteção mais eficaz. Assim como um livro emprestado, cartões de banco a si confiados por sua mãe e, documentos pessoais.
Necas, Nadas, Merrecas, Meras!
Ano vencido, passado, de uma cadeira a outra, arrastado.
Afogado, afobado.
Para Deus o ano já começou. SIM! E está terrivelmente adiantado!Incrivelmente adiantado! Deus não tem tempo a perder. - Nem o homem! - Na verdade, quem tem a eternidade se apressa, pois quem não controla o tempo perde até mesmo o que pensa ter.
Tempo, ninguém sabe quanto tem, nem se o possui, mas dele sente falta quando nele sua vida mal usou.
E a agonia de todo dia, no Natal de Hella se intensifica, somatiza, esfriando aniversários.
No décimo segundo mês do antigo ano da graça do Senhor, nas Calendas de uma missa o Natal se anunciou. Precedeu-lhe longa história de um início sem valor. Onde a Vida agora bate, ontem a morte visitou. Quando nada mais parava, o medo pois, lembrou do amor! O Amor Eterno veio, e quando vem, estranha é a dor.