Querido Papai Noel,


Não sei se algum dia recebeste cartinhas de seres não-humanos, mas espero que leias com bastante atenção este meu pedido de Natal. Claro que não sei escrever, mas ditei tudo para a minha mamãe adotiva, esse ser humano verdadeiramente apaixonado por mim. Mamãe é minha grande protetora! Diga-se de passagem, adoro essa família, da qual sou membro importante e tão respeitado!

Talvez, perguntes como ditei a cartinha, se nem sei e nem posso falar... Acontece, Papai Noel, que não preciso da palavra falada para expressar meus desejos, amor, carinho e respeito. Comunico-me por expressões corporais e sons próprios à minha natureza. Os humanos com princípios éticos e morais compreendem-me perfeitamente.

Mas, vamos logo ao meu pedido de Natal, pois seus benefícios estendem-se aos demais não-humanos.

Papai Noel, é necessário inserir-nos num sistema moral aceitável. Seres humanos e não-humanos possuem em comum o fato de ostentarem uma vida – sensível e consciente - o que os habilita a serem respeitados e tratados não como simples meio para alcançar um fim. Portanto, ensina a alguns humanos a necessidade de olhar-nos com piedade e sentimento de amor ao próximo. Conscientiza-os sobre o respeito e a fidelidade que lhes devotamos, para que valorizem nossos carinhos, não somente quando abrem a porta e festejamos-lhes as chegadas, mas para que se entreguem à pureza e à humildade das nossas lambidas aos seus pés, mãos ou rostos, quando desejamos agradecer-lhes alguma coisa ou quando percebemos que estão tristes. Ensina-os a reservar-nos um cantinho especial no interior dos seus corações e na esfera das suas vidas. Não podemos ser descartados como um objeto inanimado qualquer. Será possível, Papai Noel?

Alguns humanos carecem saber que nos negarem direitos, sob a alegação de que não possuímos racionalidade (será que não?), ou consciência para reivindicar algo, ou ainda porque não constituímos afinidades mútuas, é o mesmo que negarem direitos às crianças pequeninas, aos deficientes mentais ou aqueles que se encontram temporariamente sem condições de se expressarem no mundo exterior. Modificam-se ações e obrigações concernentes a esses seres humanos? Acredito que não. Somos seres sensíveis, a exemplo dos humanos. Sentimos fome, sede, dor, medo e tristeza. Sofremos com o abandono. Lembra-lhes que os direitos e deveres morais transcendem aqueles inscritos nos códigos. Por tal motivo, de quando em quando, as leis necessitam de atualização. Não te esqueças de demonstrar-lhes que nossos direitos devem ir além da mera condenação às formas de crueldade, de há muito inaceitáveis, para alcançar outros tipos de malvadez humana ainda colocados sob a proteção ou omissão das leis. Entre esses, cito a experimentação animal que tanto sofrimento causa; a caça desvairada, sob formato desumano; os eventos populares que se protegem atrás da preservação cultural; e a criação comercial realizada aos holofotes acesos de quem passa e prefere ignorar o sofrimento que nos é impingido, sob o modelo da escravidão, inadmissível em qualquer sistema ético.

Papai Noel, explica aos seres humanos a inutilidade dessa discussão de que necessitamos da igualdade total de direitos. Isto só faz retardar ações e atitudes a nosso favor. Por hora, é suficiente que estabeleçam direitos mínimos, efetivamente garantidos, que nos permitam viver com dignidade. O resto virá depois, com a evolução da consciência humana.

Papai Noel, faz alguma coisa pelos seres não-humanos!
Bom seria que todos fossem amados e bem cuidados como eu o sou.
Confio em ti.

Com amor e carinho,
Poetrix, em nome de todos os seres não-humanos do mundo.


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Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz – mãe de Poetrix.
Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 2010 – 13h10.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 26/12/2011
Reeditado em 26/12/2011
Código do texto: T3406507
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