O Seminarista
O Pato Branco estava no último ano de seminário, inclusive sob orientação e olhos arregalados de párocos, ministrava missas e batismos.
Certo dia foi encontrado perambulando pela encruzilhada 2 Poderes, com meias nas patas e um crucifixo pendurado no pescoço; ao lado, uma bandeja de farofa, uma garrafada e sete velas pretas. Também havia um pirex fundo com água já meia amarelada; e meia cuia de milho, além de um pouco de ração ao lado. Vez para outras, dava umas bicadas, tanto no milho quanto na ração. Em seguida, fuçava a água com o bico e esticava o pescoço para o céu.
-Deus seja louvado!
Lendo a Bíblia calmamente, nada o importunava. Estava tranquilo e não apresentava sinais de maus tratos.
Em tempos idos, sempre ouvira de seu pai, que quem estuda muito e sobretudo, preocupa-se muito com os problemas humanos, tem propensão à loucura.
- os homens bons, dito altruístas e sanos de cabeça, meu filho, não compensa a insanidade dos homens de Deus! No reino humano, igualdade e justiça não há; e nunca haverá.
Até por não tê-los, Pato Branco jamais deu ouvidos ao seu pai terreno. Ao fechar a Bíblia, vociferou para a multidão apressada: "que chorem pais, que os filhos berrem, batam os pés, clamando por socorro, porém está escrito que "a salvação é um buraco de agulha finíssimo, por qual um ou outro, passará; pois acima de tudo, a salvação é individual".