Cotidiano em Ponto Ônibus

- cê não viu, coberto com guarda-chuva e papelão, ainda tão lá a gravata, os sapatos bicudos, o Iphone, o GPS, a carteira cheia de tocos de papéis, uma bituca de cigarro apagada, um laço de fita esparramados no piso frio, até agora?

- caramba, por que tanta demora do Caveirão para recolher o Embrulho!

Ouvindo o papo que rolava entre os amigos, o jornalista / colunista iniciou a pauta: "Os olhos tortos - tipo àqueles que veem as coisas de rabo de olho - da indiferença, causam lágrimas aos sensíveis e diferentes de atos. Talvez seja por isto que olhos tortos e vistas retas não combinam, não trocam figurinhas à espera do ônibus que passa pelo mesmo itinerário, cujo destino final, é a mesma órbita ocular.

.

.

.

Por onde caminho, sempre deparo-me com uma Sombra, tornando verdade, a suposta mentira pronunciada pelos místicos raios incandescentes do Sol."

Assim, finalizou-a. Todavia, notando tamanha complexidade textual e prevendo que não será lida pela massa, que Ele chama de Massa Bruta, a pauta não será vendida para o jornal.

- será àquele o meu ônibus? -

Em dias como esse, o qual sobra-lhe inspiração para a escrita, a nobreza do trabalho não faz sentido. Prefere um aqui, outros ali, catar nacos de palavras e emendá-los em frases e parágrafos, garantindo assim, sua mísera sobrevivência.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 28/08/2020
Reeditado em 28/08/2020
Código do texto: T7048178
Classificação de conteúdo: seguro