Cotidiano em Ponto Ônibus
- cê não viu, coberto com guarda-chuva e papelão, ainda tão lá a gravata, os sapatos bicudos, o Iphone, o GPS, a carteira cheia de tocos de papéis, uma bituca de cigarro apagada, um laço de fita esparramados no piso frio, até agora?
- caramba, por que tanta demora do Caveirão para recolher o Embrulho!
Ouvindo o papo que rolava entre os amigos, o jornalista / colunista iniciou a pauta: "Os olhos tortos - tipo àqueles que veem as coisas de rabo de olho - da indiferença, causam lágrimas aos sensíveis e diferentes de atos. Talvez seja por isto que olhos tortos e vistas retas não combinam, não trocam figurinhas à espera do ônibus que passa pelo mesmo itinerário, cujo destino final, é a mesma órbita ocular.
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Por onde caminho, sempre deparo-me com uma Sombra, tornando verdade, a suposta mentira pronunciada pelos místicos raios incandescentes do Sol."
Assim, finalizou-a. Todavia, notando tamanha complexidade textual e prevendo que não será lida pela massa, que Ele chama de Massa Bruta, a pauta não será vendida para o jornal.
- será àquele o meu ônibus? -
Em dias como esse, o qual sobra-lhe inspiração para a escrita, a nobreza do trabalho não faz sentido. Prefere um aqui, outros ali, catar nacos de palavras e emendá-los em frases e parágrafos, garantindo assim, sua mísera sobrevivência.