Trilha Sonora
Por favor, locutor, toque uma musiquinha que fale de paz, animais soltos no campo, casinha na montanha, cafezal em flor, sóis e girassóis. Uma musiquinha cuja letra seja o imagético de galinhas esgaravatando minhocas para a ninhada de pintos; de esquilos escalando lépidos as folhas de coqueiros; barquinho valsando na superfície das águas; canoas amarradas nos tocos; bezerros babando o leite sugado nas tetas da mãe.
Embale-me com uma musiquinha de carro de boi gritando no grotão; hortaliças em hortas viçosas; de terra lavrada; do grão germinado; céu multicor; abelhas fazendo mel; pássaros em revoadas, que descende a fala das maritacas, liberdade e regozijo da bicharada.
Cante uma canção que assente a a poeira; levante os mortos; limpe os bustos; rejuvenesça as flores; ergam as ruínas; desnude a hipocrisia; refaça os elos da corrente; incendeie as inconsequências; revele os tempos; faça chover palavras novas; que diga que a água é o melhor solvente e o sol causa queimadura, mas é o melhor detergente.
E nada, nem um pouquinho, nadica de nada, de amor. Amar só na conjugação do verbo amar, é desamor. Sobretudo, o verbo amar não se conjuga, exercita-o; como deve ser a letra da música pedida.
Se puderes me atender, muito obrigado pela difusão do amor! Mostrarás ser praticante do amor e não mais um léxico amante do verbo amar.