Nefróloga
Mesmo tendo respirado por quase 60 anos, os pulmões do meu Galo Inácio ainda permanecem com a dúvida, que respirar vale a pena. Obviamente, que é em sentido figurado, porque quem responde pela respiração dos pulmões, é o velho aplicado, bom de briga, esporeador e cobridor do galinheiro, reprodutor irreprovável, o mestiço Galo índio, Inácio. Com ele no galinheiro, ninguém tira farinha na despensa.
Em verdade, tais virtudes nem deveriam ser citadas, pois diante do moderno cacarejado feminista, ele soa como um depravado machista. Mas que é dono do palmo de terra de seu galinheiro, não resta dúvida.
Galináceos nunca pensam, quando pensam, pensam uma coisa desprezível dessa. Sou sua médica veterinária e psicóloga, mas aqui para nós e para o bem humanidade, Inácio não passa de um idiota de esporas. Arrogante que caminha para lá e para cá, de peito estufado; bicando a cabeça da galinhada! Covarde. Tem à sua disposição mais de 50 cabeças, acha que é pouco e quer mais. Pare de gulodice!
Escravo do sistema que 5h da manhã em ponto, põe-se de pé e cantarolando uma cantiga funesta, desperta a galinhada. Sabe Galo Inácio, esporudo dos infernos, o senhor não passa de um canastrão fora de época. Vai mandar, tratar mal a galinhada, assim, em outro terreiro!
Malbaratamento
"Dolores, chame os demais e venha ver, o sangue passou por nova transformação: já não é mais vinho, nesse instante, é água"!
- que coisa mais estranha, Filomenides!
- não acho Leovidowsck, pois segundo Aristóteles, existem vários métodos para se estudar, pesquisar as mesmas coisas.
- semelhante o que disse René Descartes, quando declarou à humanidade que não há métodos fáceis, para resolver problemas difíceis.
- sim, Necromacer, estamos mal acostumados às facilidades; aliás, encontramos dificuldades até nas facilidades. Quantos lados possuem a tecnologia; e qual dela, a massa bruta composta por seres mortais que apenas brincam de respirar, enrolam o tempo na Terra, adotam, idolatram, se rendem, sem maiores questionamentos?
- Você dizendo isso Banfieldes, leva-me pensar quão inútil somos. Salvo um ou outro, pode-se contar nos dedos de uma única mão, que tem propósitos de vida diferente, diria até humanitária, o resto faz parte, é aboiada conforme é soprado o berrante. Nascem e morrem na masmorra do "tudo igual". São ocos, vazios, cegos, que não estudam, acompanham, pesquisam a alquimia cotidiana.
- Tolos, néscios, mentecaptos, eu diria, que perdem a chance de usufruirem da percepção, atributo sensorial, que é inteligência aplicada. Mas é assim mesmo ...; preferem acreditar que Messias, O Prometido virá à Terra, arrebanhar os bons. Esse é o motivo da ciência, não cruzar com a religião, que por sua vez, não aceita o conhecimento filosófico.