Barulhinho Bom!
Zanzaram a noite inteira. Voaram sem destino aos quatro cantos do quarto. Estando na ativa, quando paravam, picavam o nariz da vovó; zumbiam no ouvido da criança; ferroavam o peito peludo do vovô. Vovó que vai em socorro ao netinho.
- veia, pare de beliscar o nosso netinho. Oia o berreiro dele.
Acendiam a lamparina e os diabos sumiam dando risadas. Apagava-a, as pestes retomavam a saga em quarto escuro: picavm o braço da criança; zumbizavam no ouvido da vovó; irritavam o vovô.
Vovô dizia: "vai veia, pra cima deles, atire uma sapatada, matem eles. Os bicudinhos estão judiando de nosso netinho".
- vou nada, veio! Tapo os ouvidos e durmo com esse barulhinho bom. - vovó respondia.
Noite que segue e o rodízio dos zombeteiros também: picavam o nariz da criança; zumbizavam no ouvido do vovô; tiravam sangue na veia do vovô. Tentando se livrar dos malditos: tome tapas nas orelhas.
Amanheceu. Terminada a festa. Ploc! Ploc! Ploc! Como balões cheios suspensos, suas barrigas inflavam e estouravam um a um. Não podiam ver a claridade do sol e ploc! Ploc! Morreram todos deixando as marcas, pequenas pintinhas vermelhas de sangue nas paredes recém pintadas de branco.
Vovó ficou rubra, quase morreu de raiva ao vê-las, quando abriu a cortina para o novo dia. Toca vovó pegar a brocha e retocar o que fora retocado no dia anterior.
- vamo veio, ajuda!
Naquela manhã, os avós nem tomaram café; sonolentos e estafados pela noite mal dormida, esqueceram até a mamadeira do neto. Temiam pela noite que não tardaria chegar; bastava o sol se pôr lá no grotão e apagar as lamparinas que estava garantida a serenata.