Anti Papagaiada
Como porta-voz do caos em terra arrasada, volto para as profundezas do meu ser. Fui...
A penteadeira, o criado-mudo, o guarda-roupas, a sapateira e os demais objetos do quarto não saíram do lugar, porém, tinham a nítida impressão que estiveram em continentes distantes. E quando o pássaro/cuco rompeu a noite em dia, assinalando 6 horas da manhã, tomaram o rumo da cama e foram deitar. Desordenados. Dando tapas nas cabeças. Debatendo-se, amontoados um em cima do outro. O cansaço das longas viagens dos últimos anos não lhes permitiam trabalhar naquele dia. Muito menos no dia seguinte...
Uma intrusa claridade passava pela fresta da janela, importunando-lhes as retinas. Arreganharam os dentes, numa risada sombria. Conscientes de que suas resignações não acompanhariam as ferroadas do coração, viraram de lado, cobriram os olhos com o edredon e oraram aos céus para que a validade de seus passaportes, os vistos para a lucidez fossem breves; pois, não suportavam mais viajar.
Bastante debilitadas, suas mentes desejavam, queriam por que queriam, que as pás de terra lhes fossem leves, concupiscentes, arrasadoras, como os ósculos e amplexos que preparam o mergulho nupcial do cometa deflorador à galáxia abismal desconhecida.