Notas de Alcova
" ... sem levar em conta os muitos séculos habitando a Terra, a lesma, o bicho-preguiça, o caramujo e a tartaruga ainda não perceberam que 1000 milímetros corresponde um metro; portanto, um metro inicia com um milímetro...; Também puderas, certas espécies de animais jamais frequentam as salas de aulas de escolas.
...a água, o sol, o oxigênio, o trabalho, o alimento e o conhecimento são necessários à sobrevivência."
Escrevi a frase derradeira no caderno de memórias. A mente pedia descanso. Mas como insinua o ditado, "enquanto descansa, carregue pedras". Então, carreguei pedras de pensamentos: "feliz é quem levanta cedo, bota o embornal no ombro, vai para o trabalho, dá a maxima e melhor contribuição na produção coletiva. Certamente, esse dadivoso Ser, ao chegar em casa à boca da noite, após tomar banho e jantar, deitará a cabeça sobre o travesseiro e orará em agradecimento pela saúde e inteligência; atributos sem os quais, Ele nada seria.
O trabalho realizado naquele dia, foi trabalhoso, mas não lhe deu tanto trabalho. Em contrapartida, para os adeptos da lei do menor esforço, trabalhar dá trabalho; e se não bastasse, encontram dificuldades, até nas facilidades."
Caminhei uns passos no cubículo exíguo tentando trazer à mente a história bíblica que originou a falência de Cafarnaum. Já mais leve, retirei os óculos escuros, a máscara da boca e os fones de ouvidos, para ver, respirar e ouvir o mundo lá fora.
Pelo cheiro de assados que rodopiava no ar, entorpecendo as narinas, era natal; e para alegria de "Menino Jesus", chovia naquele momento, lembrando-me que a esperança e a fé também são necessidades prementes à sobrevivência.
E se Eu respiro tudo, farejo tudo, usufruo de tudo, Eu estou vivo; pois sem obstar, viver a plenitude de vida, é tudo. Com a mente descansada e reenergizada pelo oxigênio puro e frescor matinal, dei continuidade à crônica "Notas de Alcova": o bicho-preguiça, a lesma, o caramujo, a tartaruga não estudam metrologia, mas eles chegam lá...; aí, quem sabe um dia, transformarão um metro de experiência, em um livro de mil páginas; no qual terá dez capítulos de cem páginas e em cada capítulo, mil palavras.
Mais tarde, bem mais tarde, após colocar os neurônios de molho para serem enxaguados no dia seguinte, finalizei escrevendo que "o amor ágape, ou seja, amar de coração, é não explorar as emoções de outrem. Sobretudo, trocando em miúdos, amar de coração é não explorar de maneira alguma os acúmulos, ou as deficiências e ingenuidade de seu semelhante."
Olha insubstituível Leitor, diante do que é amar, talvez Eu ame. Não afirmo plenamente, por que sou amante da dúvida.