O GRITO DE RAQUEL
O medo nefasto que a mulher do 2011 sentia era terrivelmente percebido nas entrelinhas das cartas que o seu psiquiatra dr. Wison Góes recebia. Ele sentia-se mais vulnerável diante os relatos daquela pobre mulher que estava depauperada, lânguida, e escondida de si própria num prédio que não habitava ninguém.
O médico recebeu um telefonema estranho, desceu as escadas correndo, esqueceu de fechar a porta e como um voo de uma águia chegou ao Prédio Manoel Pires, e o grito surdo de Raquel estava no asfalto quente, e ele, o médico, com medo, impotente atirou-se embaixo de um carro que em alta velocidade aproximava-se, a morte súbita, o engano.