DIA DE FINADOS

Os mortos estavam há dias esperando com euforia a chegada do dia de finados.Estavam numa expectativa muito grande para rever seus entes mais chegados.

Animados,os mortos de todas as idades e classes sociais ficavam no seu costumeiro lugar de sempre à espera comportados da aberturas dos portões.

Uma semana antes, o cemitério passou por uma limpeza geral:os meio-fios foram pintados,as árvores podadas,os banheiros higienizados;os funcionários colocados em lugares estratégicos.

Do lado de fora,os floristas e vendedores de lanches e água,vendiam seus variados produtos pela hora da morte.

Na frente do cemitério,os familiares esperavam com paciência.Já os mortos,estavam ansiosos,cada um trajava sua roupa tipica,outros estavam nus,e outros, maquiados para tirar aquele aspecto cadavérico do rosto.Cada morto ficava no seu lugar habitual.

Os portões foram abertos pontualmente às cincos da manhã.Cada parente se dirigiu ao seus entes queridos sem fazer alarde ,sem chorar,sem emoção aparente como de costume.

Sem entende patavina alguma daquela empatia emocional e espiritual.Os mortos começaram a agir de forma estranha e desesperada,diante dos familiares que se mantinha frios como um iceberg naquele dia único e especial.

(...)

Encerrada a hora da visita,os portões se fecharam pontualmente às dezoito horas,nao havia mais ninguém no recinto.Os mortos queriam ir com seus familiares mas nao podiam,o jeito era esperar o dia de finado daqui a um ano.

Cada morto voltou para sua tumba,sem saber o que tinha acontecido.Uns resignados,outros revoltados.E outros,xingando Deus.Cada visitante retornou para suas casas,e tudo voltou a normalidade em suas vidas.

Os mortos voltaram a ser mortos! E os vivos voltaram a ser vivos!

Joelson Gomes da Silva
Enviado por Joelson Gomes da Silva em 11/09/2019
Reeditado em 18/12/2019
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