ROSAS NEGRAS SOBRE O TÚMULO (miniconto - horror/gótico)

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Foram tantos os martírios sofridos, acreditando que me submetendo o satisfaria, ledo engano. O que acreditava ser amor não existia, eu era apenas um brinquedo novo em tuas mãos. Eu rastejava, me permitia ser invadida dolorosamente, por objetos inusitados e tu te regogizavas com o meu sofrimento. Comia teus restos, bebia tuas sobras, tu me beijavas sôfregamente, me batia, saías e ordenavas que te esperasse, eu ardia de emoção e mesmo cheia de dores, cumpria tua vontade, achando que isso era amor, um querer diferente, mas, sentimento de verdade. 

Nunca me levavas a lugar nenhum, me desejavas apenas dentro de casa, só tua, fiel como um cão e eu sempre relevava, tu me amavas de um jeito só teu, pensava. Eu era incapaz de perceber a maldade do teu frio ser, cega de paixão não via a escuridão em que sobrevivia.

Num dia chuvoso, numa overdose  partistes. No velório, nem gente, nem vela, apenas eu. Na branca lápide, mandei gravar  os dizeres que a ti dediquei, ao acordar de meu pesadelo
- Jaz aqui o pai da crueldade
   Partiu sem deixar saudades

Depositei sobre o mármore, duas rosas negras, apagando de mim para sempre, um amor que nunca existiu,  com passadas firmes, levei meus passos para um novo horizonte...
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 24/02/2018
Reeditado em 24/02/2018
Código do texto: T6262962
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