PESADELO

Ontem foi um dia difícil.

A um minuto foi dormir carregando um cansaço que o apanhara na tarde .

E sentiu nos ombros um agarro de dor que lhe minava as costas.

E começou a tremer muito, incontrolavelmente, sem febre. E frio, muito frio.

Outra coberta e frio. Olhos fechados e frio.E frio e tremor e frio.

Cobriu-se com Sarapalha - malária e concretizou-se o cachorro Jiló no seu ir/ficar. Era , foi , estava o amargo cachorro, sem qualquer treino.

Então entregou-se ao tempo. Seria o tempo de sua morte.

E rezou para a própria partida. Rezou miudamente para esse caminho solitário ao desconhecido.

Às 2h30, olhou para o relógio pela última vez, e foi.

Acordou, sem horas, sem frio.

Travesseiro molhado, lençóis molhados, roupa de morrer molhada.

Não tinha sido um sonho!

Sua pequena ressurreição lhe indicou o sono profundo até crescer o dia de fora.

O dia de fora o chamou e ele atendeu.

Então a música começou a martelar em toques de espinho: ‘Qual o peso da culpa..."

E, dentro do inverno, abre o mundo das palavras e lê o poema e ouve o canto/ lamento de uma Rose que é uma Rose que é uma Rose em veludosas vozes. Então queimou-se , como em calor do Verão.

Na morte, estivera em um barco inundado .

E ficara ali olhando tudo, paralisado.

Sentiu. E quanto!

Homem, voltando a ser pequeno, chamou a mãe.

A mãe não veio.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 15/10/2015
Reeditado em 15/10/2015
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