PESADELO
Ontem foi um dia difícil.
A um minuto foi dormir carregando um cansaço que o apanhara na tarde .
E sentiu nos ombros um agarro de dor que lhe minava as costas.
E começou a tremer muito, incontrolavelmente, sem febre. E frio, muito frio.
Outra coberta e frio. Olhos fechados e frio.E frio e tremor e frio.
Cobriu-se com Sarapalha - malária e concretizou-se o cachorro Jiló no seu ir/ficar. Era , foi , estava o amargo cachorro, sem qualquer treino.
Então entregou-se ao tempo. Seria o tempo de sua morte.
E rezou para a própria partida. Rezou miudamente para esse caminho solitário ao desconhecido.
Às 2h30, olhou para o relógio pela última vez, e foi.
Acordou, sem horas, sem frio.
Travesseiro molhado, lençóis molhados, roupa de morrer molhada.
Não tinha sido um sonho!
Sua pequena ressurreição lhe indicou o sono profundo até crescer o dia de fora.
O dia de fora o chamou e ele atendeu.
Então a música começou a martelar em toques de espinho: ‘Qual o peso da culpa..."
E, dentro do inverno, abre o mundo das palavras e lê o poema e ouve o canto/ lamento de uma Rose que é uma Rose que é uma Rose em veludosas vozes. Então queimou-se , como em calor do Verão.
Na morte, estivera em um barco inundado .
E ficara ali olhando tudo, paralisado.
Sentiu. E quanto!
Homem, voltando a ser pequeno, chamou a mãe.
A mãe não veio.