A visão e um sentimento do mundo
Mulheres passam arrastando fardos pesados e eu choro por elas... Mas vejo um sorriso cobrindo os seus lábios. E as vozes dissonantes que eu ouço, escondem o meu choro num riso abafado. O choro é só meu e o riso que eu vejo me deixa confusa. Mas elas riem, eu vejo. Não penso em mim, no meu choro contido, penso nos rostos marcados que eu vejo. É dura a vida e é duro o dia quando se arrastam pesados fardos. E o peso que eu vejo, eu não sinto no corpo, existem outros corpos, que carregam o peso do mundo que eu vejo. Os ombros são fortes e os braços imensos abraçam o mundo... É dura a vida daquelas mulheres, mas seu fardo é leve. É leve como o sorriso que eu vejo. É leve como o sentimento que eu tenho agora. É leve, como pode e deve ser a vida da gente, mesmo com todos os fardos que carregamos, às vezes.
Nosso grande amigo e poeta, Tony Bahia, nos presenteou com uma bela interação. Obrigada, amigo!
Uma romaria
Parecia uma romaria
Mãe na frente
E filhas em fila indiana
Todas com trouxas na cabeça.
Mulheres negras
Negras mulheres
No final da fila
Era tão bonito
Que deixavam rastro de estrelas.
Mais uma bela interação também nos deixou a poetiza Guida.
Obrigada, amiga!
O fardo que elas levam
Pesa como lã de carneiro
Se nos lombos lhes pesam
Tem nos lábios
Um sorriso faceiro