O Guardião

Como de costume foi ao quarto meditar. Vozes de pessoas ligadas a ela intrigavam, dirigiam, davam coordenadas.

Entrou no clímax daquele momento; ascendeu o incenso e facilmente se viu no auge da contemplação.

Agora, podendo ultrapassar barreiras, portas, janelas, muros, já não habitava a carcaça pesada.

Se detendo a sair de casa, logo chega ao destino, fácil!

Sem muitos esforços passa pelo portão de ferro do condomínio; sobe pelas curtas e estreitas escadas, que davam ao lar.

Depois de muito se perder por entre os cômodos, ele chega ao local desejado.

Energias negativas pairam e atormentam o sono da linda moça de pele branca, cabelos lisos e soltos, corpo maduro, com poucas vestes, intimidades amostra e os seios quase não aparecem.

Pede licença aos presentes de luz e, como numa seção de exorcismo, trava uma batalha quase que interminável expulsando malfeitores e sugadores de energia vital.

Perto daquela que não tinha sossego algum, ele percorre todo o seu corpo, acaricia cada centímetro, massageia, sente o pulsar de seu coração, o arrepiar de seus pêlos, os poros à flor da pele. Cuida como se fosse sua.

Enquanto ela dorme em sono tranquilo, o guardião a observa, pois ao acordar ele já terá partido, já terá voltado pro seu lugar de humano, voltará ao corpo e estará com ela ao amanhecer do dia, sem que saiba, sem que ela possa ver sua verdadeira essência.

Pois, o dia é dos mortais, mas a noite é SOBRENATURAL.

MARCELO MESQUITA
Enviado por MARCELO MESQUITA em 09/09/2012
Reeditado em 07/12/2013
Código do texto: T3872567
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