CONVERSA DE MATUTO

Conversa de matutos

Seu Mané di Rita, de matuto só tinha mesmo a origem sertaneja e o gosto por tudo que era natural da sua terra e da sua gente. Não era nem nunca fora amante dos trabalhos da terra. Jamais plantou ou criou alguma coisa. Tirava o seu sustento e o da família de uma sanfoninha de oito baixos que tocava como poucos. Exibia-se com sucesso nas feiras, e os bailes de terreiro, sempre rendia um dinheirinho a mais. Gostar mesmo e de verdade, era caçar. Nos dias que não ia tocar na feira, estava enfiado no meio do mato, cercando e espreitando uma paca, um tatu... Caça miúda. Naquelas bandas não existia coisa maior. Um ou outro caititu aparecia vez em quando. Era raro. Mas, o interessante da história, quem me contou foi o meu amigo Leonel, filho de Seu Mané.

Passava um pouco das onze da noite, mas naquele cafundó do sertão, já era madrugada. Acordar um cristão numa hora daquelas, só mesmo em caso de morte, assim mesmo , se o morto fosse da família. Seu Mané acordou, primeiro com as palmas no portão, pensou que estava sonhando, mas, depois veio o chamado. Cumpadi Mané! Cumpadi! Seu Mané abriu a janela meio assustado.

-Qui foi qui se assucedeu-se cumpadi?

Sabe não?

Sei não. Qual qui é a novidadi?

É qui eu venho lá da venda di Armindo e não sei quem, tinha falado qui num lugá ai, qui eu não sei di donde, a arroba du algudão já chegou a não sei quanto.

-Omi cumpadi! Quem diria qui o algudão ia chegá nesse preço. Logo lá..

Ba noooiti!!!