Os Calendários não param

Dia 26 de dezembro de qualquer ano.

A noite estava em brasas.

Temperatura na alturas,

Motivo dos anfitriões terem deixado as portas e janelas abertas.

Esqueceram Cristo em alguma esquina:

E abrindo os presentes do bom velhinho,

Mandava um toque Raul nas caixas:

"Eu sou a mosca que pousou em sua sopa;

Eu sou a mosca..."

Uma delas ouviu e entrou pela porta da sala,

Circulou por aqui,

Zumbizou por ali,

Indesejada por lá;

Até que encontrou a porta da cozinha aberta, Perdendo o que de melhor os anfitriões poderiam oferecer.

No dia seguinte circulou pelas lixeiras,

O cheiro era mais agradável - no parecer dEla-

E havia de tudo,

Um pouco,

Mas nada era igual ao servido na noite passada.

E os garis (ou modernamente: coletores) assinam,

Como testemunhas;

Pois, como cantou Cazuza,

"Raspas e restos (nos) interessam",

"Piscinas cheias de ratos"

Também;

Contudo,

Se não tiverem o cheiro e o gosto característicos de ranço e mijo,

Nem tanto.

Existem certos bichos que são abençoados por Deus, pois para Eles, os Calendários não assinalam datas, mas sim, festas.

Daí, todo dia é dia festança,

Lambada,

E lambanças;

Cortes e recortes,

Selfies,

Para serem vistas em reuniões,

Tagarelando,

Gargalhando,

Doces (para uns. Para outros, sujeiras amargas)

Lembranças!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 05/01/2025
Reeditado em 05/01/2025
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