Deus me livre do Livro!

Compadre, tu lestes o livro?

Óia, sendo honesto com o Compadre, não.

Ô homem, por que, não lestes?

Até tentei; mas Compadre, era e ainda deve ser, uma porção de palavras. Palavra de muitas e poucas letras. Palavras em um página, palavras em outra. Palavras no início, palavras no meio, palavras no fim. Eram tantas palavras, que minhas vistas rodopiaram no globo ocular. Tudo palavras; palavras enfim. Então, como sabes bem e mal, também, sou Homem de palavra, mas com as palavras do livro indicado pelo Compadre, não quero uma, uma só palavra; ou melhor, o resumo do livro fez-me fixar duas palavras em uma frase curta e grossa, direta: "Não li". Eu poderia até dizer "não li, não", mas dependendo de onde o Compadre bota a vírgula, haverá erro de entendimento, então: "não li"; e com ou sem ponto, o apreendido das duas palavras bastam.

Compadre, o livro foi escrito pelo Léo, grande escritor e amigo. Gostaria que o prestigiasse, lendo a sua obra-prima! Está na lista dos mais vendidos.

Sim, não o conheço, mas que és grande escritor e amigo, reconheço! Contudo, confesso sem Padre que não li; aliás, com aquele monte de palavras, até onde contei, são mais de dez mil e tantas, nem se fosse escrito e cantado pelo Liu, da falecida dupla caipira Liu e Léo.

Está bem; fiquemos assim: Eu li e o Compadre não leu. E não me convide para ser seu parceiro na cantoria sertaneja. Muita leitura e nada de viola, muito menos, informalismo linguístico, assim sou Eu.

Jamais. Ficamos assim: você com a leitura refinada, sabedoria, conhecimento das palavras e conteúdo do livro; e Eu, um ignorante, um asno bípede ruminante, ao léu.

Que isso, Compadre, as estrelas são belos astros livres.

E não é, que é. E digo mais: as estrelas são independentes, autônomas e possuem brilho próprio. Fiz uma letra de música, descrevendo-as. Pura poesia...

Sim, imagino! Contrário da Lua, que quando cheia, é majestosa, soberana e ilumina baixios e colinas, castelos nos verdes mares e palhoças nas campinas, mas, todavia, depende do Sol. Sem o Sol, Ela nada é...

Ela nada será.

Depende do tempo verbal. Bem, sobre a Lua e a leitura do livro, sem mais comentários. Sem mais palavras, Compadre. Feito?

Mas, antes, posso dizer uma, apenas uma palavra; por sinal, a única palavra que Eu li no livro? Aí, sim, feito.

Sim, claro. O Compadre fala, ou não fala?! Vamos lá, diga...

Fim.

Meta física (n)isso

- devido à aceleração centrípeta, ac = v2 / r ( v= velocidade km/min e r = raio em metro) o corpo é impulsionado por uma força tangencial à circunferência para o centro da curva...; de modo que é assim mesmo: vivemos por e para sermos enganados. Verdade, só o que a morte tem a nos dizer; isso quando dá tempo de ouvi-la.

- caralho, metafísico isso, heim, Prof.!?

- Depois de uns baseados na mente, um tubinho da branquinha nas narinas, muitos gargarejos de uísque com guaraná sem gelo e lamber polos oxidados de bateria de carro, o que não é filosófico, caro discípulo e futuro físico?

- Não de Jeová, mas onde assino como testemunha de suas verdades conceituais físico/filosófico. Tá decidido: serás o paraninfo preferido da nossa turma de formandos.

- sinto-me honrado por ser escolhido. Mas, afirmo: o mundo é uma bola que rola e devido à aceleração da gravidez: A = m.g em m/s2, tende a rolar para o centro da Terra, ou seja, para o centro do útero e caso o mesmo esteja fértil, fecundará um Ser que irá comer, beber, dormir e sujar as águas, sem nada produzir. E a Natureza que se vire para germinar frutas, hortaliças, miojo lamem, coca-cola, hot dog, catichupe e nós moscada para alimenta-lo.

Sem nunca ter conhecido o perfume de um macho vibrante, duro nos arreios, daqueles impossíveis de serem amados uma vez, apenas, a Cabra Cabriola, - somente o nome, pois jamais quebrou arames de cerca, muito menos, fez cabriolagens - fêmea de chifres enterrados no cocuruto da cabeça, escapuliu do laço que a abraçava pelo pescoço e se largou na campina, indo após muitos dias de caminhada, parar na estalagem Rancho Queimado, na qual há duas cadelas magras e também solitárias.

Era noite de lua cheia. Os ventos uivavam e as cadelas respondiam. Ao ouvir o alarido, Cabriola esgueirou-se ao redor da moita de capim meloso, chegando mais perto de onde vinha os ruidos. Pé, ou melhor, pata ante pata, foi se aproximando. De repente, estava ao lado do que lhe atiçara curiosidade.

Ao se verem frente a frente, estranheza de ambos lados. A cadela cheirou a Cabra, que por sua vez, fez mesmo. Devido o cheiro forte de bódum, uma das cadelas espirrou e em seguida, cochichou no ouvido da irmã: "Ela sabe o que é água?

- lógico, né; já viu alguém não tomar água?!

- não, digo sabe o que é água debaixo do sovaco.

- ahh, me poupe. O que fazemos: levemos essa sovaqueira para casa e damos uma banho de shopping nEla?

- pode ser. - e assim fizeram. Cabriola não mostrou a mínima resistência, pois necessitava de acolhida.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 25/05/2024
Reeditado em 03/06/2024
Código do texto: T8070863
Classificação de conteúdo: seguro