ÁRIO
Mario estava cansado. Ficava indignado quando seu nome era usado para brincadeiras maliciosas. Não era justo o que faziam com ele. Seu nome era motivo de escárnio vergonha e indignação.
Não era gay, nem assumido nem enrustido. Nem ativo nem passivo.
Nem armário ele tinha.
Seu nome era usado de forma profana e difamatória.
Nunca havia praticado os atos dos quais era acusado. E não merecia nenhuma punição por causa dele. Não era justo sofrer tanto por isso.
Intriga, fofoca, difamação e maldade.
Não tinha muitos amigos. Certa vez um colega da escola, usou uma frase perigosa entre outros colegas ele disse: — Eu sou amigo do Mário! E logo depois, mistérios dos mistérios, do nada essa amizade se desfez. Muitos se afastaram por medo do tenebroso estigma do nome.
Quem era Mário? Nem em seus momentos de solidão e profundas crises existências ousava fazer essa pergunta. E se a fizesse ficava logo em estado de alerta. Pronto para rebater a repetida resposta.
Era a sua sina cruel. Parecia que aquele móvel comumente usado nos quartos estava sempre de boca aberta para engoli-lo, tritura-lo, mastigar sua dignidade.
Quem sabe poderia ir até o cartório e mudar o nome? Poderia se chamar Hilário. E talvez assim toda essa história fizesse bem mais sentido.