O Telefone
O telefone mal tocava e ela corria como uma desesperada para atender.
Já eram dias que para ela pareciam anos. Depois de um final de semana de amor intenso, eles se despediram, sem nenhuma promessa.
Ela seguiu sua vida certa de que ele ligaria, mas toda vez que o telefone tocava a mesma se frustrava.
O local de trabalho era onde o telefone tocava, pois na época celular era artigo de luxo.
Seu local de trabalho ficava localizado bem no centro da praça de alimentação do shopping. Durante a semana, ela relatou em detalhes o final de semana caliente que havia vivido, deixando suas amigas em total euforia.
Mais uma vez o telefone tocou, ela novamente com as últimas forças que tinha atendeu.
- Alô, boa tarde!
Era enfim ele do outro lado da linha:
- Oi, meu amor!
Então ela ficou eufórica, pois a mão no telefone impedindo que ele ouvisse a sua voz. Suas amiga mal podiam acredita, era ele, enfim ele ligou. Gesticulando, que estava sem ar, e que o coração batia forte, ela dizia repetidas vezes, bem baixinho:
- É ele, é ele ele
Enfim ela se controlou. E voltou a conversar com ele, com um tom de voz frio:
- Oi!
Ele percebendo a frieza, perguntou:
- Sentiu saudades?!
Ela, agora como uma pedra de gelo, disse:
- Não, nenhum pouquinho
- Nossa!!! então toda essa alegria que estou vendo aqui do outro lado, não é por minha causa.
Ela levantou o olhar, e lá estava ele no saudoso telefone público, acenando com o sorriso mais sínico que um homem pode ter.